| 30/04/2008 03h28min
Mais de 300 mil contribuintes gaúchos ainda estavam pendentes com a Receita Federal até as 18h desta terça-feira, segundo os últimos dados do órgão no Estado. Ou seja, cerca de 15% dos 2 milhões de pessoas que têm de informar seus rendimentos até as 20h de hoje deixaram para acertar as contas com o Fisco no último dia. Já entregaram 1.678.159 pessoas. No país, 20.252.947 de declarações de um universo 24,5 milhões foram enviadas.
Por comodismo, preguiça ou desorganização é que muitos empurram a obrigação com a barriga. O "deixa para depois" é uma característica relacionada ao perfil de povos mais informais, como o brasileiro, o espanhol e o português, afirma o psicológo Leandro Tonetto, professor de Psicologia do Consumidor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de Porto Alegre. No outro extremo, estão os norte-americanos e os ingleses, fiéis ao planejamento prévio.
— O brasileiro é levado pelo emocional. Deixa para a última hora o que não gosta — avalia a
psicóloga Simoni Missel,
diretora da Missel Capacitação Empresarial, para quem o hábito de estender os compromissos ao extremo é a resistência ao planejamento.
Mas demorar para cumprir uma obrigação pode representar riscos. No caso do IR, além de agüentar sistema lento, deixar de declarar a tempo significa multa mínima de R$ 165,74 e máxima de 20% do imposto devido:
— A lentidão é em virtude do grande número de declarações em um mesmo dia. São 25% de todas as declarações em apenas dois dias — observa o superintendente regional da Receita, Luiz Jair Cardoso.
Até 1996, quando prevaleciam os documentos em papel, a situação era mais complicada. Na época, era preciso deslocar servidores de outros setores e colocar todos de plantão até a meia-noite porque as filas enchiam o saguão. Se a tecnologia facilitou o processo, agora é o hábito que continua a emperrar o sistema.
Em alguns casos, deixar para depois pode ser positivo e até atrai os clientes. Com as
promoções, quem vai às compras de Natal ou de Páscoa no
último dia pode gastar menos.