| 28/04/2008 09h16min
O entusiasmo de Roberto Rodrigues se traduz em um discurso fácil quando o assunto é a maior feira de tecnologia para o agronegócio da América Latina e terceira do mundo. Com a experiência de quem esteve dos dois lados do balcão, como presidente da feira (cargo que ocupa pela segunda vez) e como representante do governo (como secretário e ministro da Agricultura),ele lembra que a trajetória até o momento atual foi cheia de dificuldades.
O início da história do ex-ministro da Agricultura com a Agrishow foi em 1993, quando ocupou a Secretaria da Agricultura de São Paulo. Reuniu representantes do setor, disse que tinha a idéia e o local do evento, mas não tinha os recursos, que deveriam vir do setor privado. O ano de 1994 seria o único com sucesso, até então.
Em 1995, depois de novo prejuízo, segundo conta Roberto Rodrigues, decidiu-se que a Agrishow ficaria sob o comando da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Naquele ano, exerceu pela primeira vez a presidência da feira, posto que volta a ocupar, liderando um evento com uma expectativa de gerar R$ 800 milhões em negócios em uma semana.
Conhecendo essa trajetória de percalços e sucessos, que avaliação que o senhor faz?
Rodrigues: Os fabricantes de equipamentos investiram vigorosamente por uma razão objetiva. Como as máquinas seriam avaliadas operando em comparação umas com as outras, elas tiveram de investir em modernização porque o agricultor vem aqui e escolhe a melhor. Essa foi a grande coisa que a Agrishow fez, reformou o perfil tecnológico do agronegócio brasileiro. Empurrou a tecnologia e se tornou uma vitrine para o Brasil inteiro. O que temos aqui se compara com o que há de melhor no mundo.
Não só o país está atualizado como consegue mostrar isso para o mundo...
Rodrgues: A Agrishow ajudou nisso também, não só abrindo o mundo para o Brasil como o Brasil para o mundo. As pessoas vêm aqui e consideram que, de fato, o país está em uma condição tecnológica comparativa com as melhores do planeta. Isso nos deu um espaço lá fora e trouxe investidores para se mostrarem aos agricultores brasileiros. Essa sinergia globalizada que a Agrishow produziu é um grande avanço para o nosso agronegócio.
Onde é mais simples operar. Do lado de quem está na Agrishow ou do lado do setor público?
Rodrigues: Sem dúvida é sempre muito mais fácil estar do lado privado do que do lado do governo. O governo cada vez mais é cobrado por coisas que cada vez menos ele pode fazer. O setor privado sempre precisa mais do que o governo é capaz de dar. O governo não tem competência para dar o que o setor privado precisa. As demandas para quem trabalha na área pública são sempre mais pesadas do que na área privada, de modo que é muito mais prazeroso defender o agricultor ao lado dele do que no lado do governo.
E qual a expectativa do senhor para a Agrishow deste ano?
Rodrigues: O mundo vive um cenário raro de grande desequilíbrio entre oferta e demanda por alimentos, que elevou os preços muito acima da média. Os custos de produção também subiram muito. Há a especulação. Fundos de investimento migraram para alimentos. E há o milho americano usado para a produção de etanol, em que se joga a culpa pel crise dos alimentos, o que é falso. E o Brasil entra nesse processo todo com uma dimensão diferente. Temos a maior safra de grãos da história e a maior safra de etanol também. Aqui, não apenas não há concorrência como um ajuda o outro. E como esse desequilíbrio vai continuar aquecido por algum tempo, nós temos uma expectativa de preços bons e isso anima os agricultores brasileiros dando condição de muito otimismo.
CANAL RURAL