| 21/04/2008 22h16min
Como reflexo da crise do trigo, no Paraná, a mandioca está com preço 10% acima do que no mesmo período do ano passado, sendo a cotação mais alta do país. O Estado é o maior produtor nacional da raiz. A indústria de produção de amido de mandioca também é impulsionada.
A tonelada de mandioca atingiu R$ 158 esta semana. A raiz valorizou porque falta trigo no mercado e os moinhos e a indústria de bolachas e biscoitos começaram a misturar o amido de mandioca na farinha de trigo. Os produtores afirmam que há uma resistência ao produto mais por questões estratégicas do que de qualidade. E que o valor agregado deve ser valorizado.
– Não existe por parte de alguns moinhos interesse em estar utilizando um produto nacional. Em função deles estarem localizados nos portos, há uma facilidade muito grande de importar de outros países – afirma Ivo Pierin Júnior, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Amido de Milho (ABAM).
E a indústria de derivados de mandioca tem potencial para crescer ainda mais. Segundo a ABAM, se forem adicionados apenas 10% de amido de mandioca à farinha de trigo, o Brasil pode economizar até R$ 300 milhões por ano, com a importação do grão.
Além do produto ser mais barato do que a farinha de trigo, sua qualidade é superior ao amido da Tailândia, maior produtor mundial. A indústria buscou tecnologia, montou laboratórios e fez testes de qualidade permanentes. Um projeto de lei que obriga a adição de amido na farinha de trigo está parado no Senado há dois anos. Pode ser a hora dele sair da gaveta.
– Nós temos que, com a evidência que a falta que tem hoje o trigo no Brasil, isso pode refletir num adiantamento do estudo deste projeto. Ele precisa passar pelo Senado para seguir então para a sanção presidencial. E é uma oportunidade de os senadores estarem discutindo novamente este projeto que, nós acreditamos, é de interesse nacional, em função do potencial que o Brasil tem de produzir mandioca e que ela pode ser adicionada ao trigo sem nenhum prejuízo – comenta Pierin.
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