| 03/04/2008 17h20min
O dólar ensaiou leve alta pela manhã desta quinta-feira, mas em seguida retomou a baixa exibida nas últimas duas sessões e terminou o dia novamente com cotação em queda em relação ao real. No fim dos negócios, o dólar comercial valia R$ 1,717, em queda de 0,58% sobre a taxa de ontem. A cotação de fechamento foi a menor registrada no dia. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar negociado à vista cedeu 0,43% e encerrou a sessão a R$ 1,7175. O giro total à vista somou apenas cerca de US$ 1,167 bilhão.
A depreciação da moeda americana se deu em meio à combinação de uma leve melhora no desempenho das Bolsas de Nova York, um pequeno fluxo financeiro positivo para o Brasil e um alívio com a garantia do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o regime cambial no país continua sendo flutuante. O reduzido volume de negócios, segundo operadores, também favoreceu a inversão para baixo das cotações.
No início da tarde, Mantega esclareceu que o Ministério da
Fazenda não tem nenhuma
proposta para trocar o sistema de metas de inflação pelo sistema de meta cambial.
— Nunca se falou disso. É incompatível ter um sistema de metas de inflação e um sistema de meta cambial. É incompatível — frisou o ministro.
Mantega garantiu que o governo quer ter um sistema de meta de inflação e política de câmbio flutuante.
— O câmbio continuará flutuante e também deu excelentes resultados. Não há razão para mudar o que está dando certo. Os dois sistemas, de inflação e de câmbio, estão funcionando bastante bem — afirmou.
Ele considerou também que a preservação desses dois sistemas não impede que o governo adote medidas para atenuar a tendência de valorização do câmbio.
Mantega citou como exemplo a política de compra de reservas, o próprio crescimento da economia e as medidas de aumento de alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) adotadas recentemente também para o investimento estrangeiros em
títulos públicos:
— Tudo isso atenua, mas não
descaracteriza o sistema de câmbio flutuante. O câmbio flutua para o bem ou para o mal.
Essas declarações dissiparam temores sobre eventual mudança nas regras do mercado de câmbio e isso agradou os investidores, que enxergam no câmbio flutuante um atrativo para a continuidade do fluxo cambial favorável ao país, afirmou um operador.
Do lado externo, os índices acionários em Wall Street se recuperaram da queda inicial, com ajuda das ações da Alcoa, que divulgará seu balanço do primeiro trimestre na próxima segunda-feira, e de papéis dos setores de energia e tecnologia.
A recuperação técnica dessas ações neutralizou as preocupações do mercado com a fragilidade da economia, enquanto prosseguem no Comitê Bancário do Senado norte-americano os depoimentos dos envolvidos na operação de socorro ao Bear Sterns.