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 | 28/03/2008 20h17min

Pioneirismo com o sangue chileno

Cruzamento iniciado pela família Bastos no Rio Grande do Sul resultou em animais mais ágeis, mansos e funcionais

A história da raça de cavalos mais difundida no Rio Grande do Sul não pode ser contada sem dedicar um capítulo ao criador Luiz Martins Bastos, de Uruguaiana. Bastos, ao lado dos sobrinhos Flávio e Roberto Bastos Tellechea, foi o responsável pela introdução do cavalo crioulo chileno no Estado. O pioneirismo marcou o começo de uma nova fase na história da raça no Rio Grande do Sul.

A partir da introdução do sangue chileno, os cavalos crioulos nativos se tornaram mais ágeis, mansos e funcionais. Luiz Martins Bastos recordou a polêmica gerada entre os criadores da raça ao saberem que a Estância Nazareth estava introduzindo o cavalo chileno Aniversário na cabanha. O garanhão havia sido comprado na Exposição de Palermo, em Buenos Aires, em 1972. Bastos importou o cavalo em parceria com os sobrinhos Flávio e Roberto Bastos Tellechea, também criadores de cavalos crioulos no município.

– Houve muitas críticas, achavam o exemplar chileno um cavalo feio e baixo. Mas eles revolucionaram a criação da cabanha. Os exemplares com o afixo Tradição saíram mais ágeis, mansos e com uma funcionalidade incomparável – explicou.

O êxito com a importação do garanhão Aniversário motivou Luiz Martins Bastos a adquirir outros cavalos chilenos como Tren-Tren Arrebol, cuja linhagem acompanharia um dos maiores cavalos crioulos da história do Estado, o garanhão La Invernada Hornero. Filho de Tren-Tren, La Invernada Hornero nasceu num criatório chileno, mas acabou sendo adquirido ao pé na Expointer, em 1976. Hornero se tornou um dos maiores garanhões da raça crioula na América do Sul e foi responsável por uma extensa e invejável descendência de campeões e campeãs do Freio de Ouro. O cavalo morreu em 1997 e pertencia à sucessão de Flávio e Roberto Bastos Tellechea.

– Compramos o Aniversário do criador chileno Alberto Araya Gomez, que mais tarde venderia o Hornero na exposição de Esteio, em 1976. A introdução de cavalos crioulos foi positiva e acabou sendo disseminada entre diversos criadores do Estado. Hoje, todos os exemplares vencedores do Freio de Ouro têm sangue chileno – ressaltou.

Animais da Narareth carregam o afixo Tradição

Na Estância e Cabanha Nazareth, localizada a 16 quilômetros da cidade, Luiz Martins Bastos cuida de uma das maiores criações de cavalos crioulos do Estado. A estância tem um criatório centenário da raça que recebe a marca Tradição. O afixo foi sugerido pelo irmão Francisco Martins Bastos, ex-diretor e construtor da Companhia de Petróleo Ipiranga. Hoje, a Nazareth mantém 150 éguas em cria e utiliza garanhões chilenos puros e cavalos argentinos para a cobertura.

– Meu pai (Ângelo Bastos) criava crioulos e eu cresci vendo crioulos na estância. Somente em 1956, por influência de amigos e irmãos, acabei me associando à Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos. De lá para cá, o apoio moral da associação tem sido inestimável – comentou.

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