| 25/03/2008 22h30min
A proposta de renegociação de dívidas agrícolas anunciada nesta terça-feira pelo governo federal não atende as principais reivindicações do setor. Do total de R$ 87,5 bilhões, o Ministério da Fazenda admite facilitar o pagamento de até R$ 56,3 bilhões. Uma solução definitiva deverá ser anunciada na próxima segunda-feira.
A principal reclamação dos produtores rurais se concentra no redesenho dos custeios e dos investimentos. O modelo do governo não prevê prorrogação de prazos e redução de juros para essas dívidas, contraídas nas safras 2004/2005 e 2005/2006.
No caso dos custeios prorrogados no passado, os produtores alertam que o total de juros chega a 20% ao ano, o que inviabilizaria a tomada de novos empréstimos.
— Safra mal vendida e mal colhida não tem recuperação. Precisamos da redução dos juros — alega o presidente da Comissão de Crédito Rural da Farsul, Elmar Konrad, que fazia vigília em frente ao ministério.
Após uma hora
e meia de reunião dos parlamentares da bancada
ruralista com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, eles anunciaram a possibilidade de flexibilização da proposta.
Com as 60 páginas da proposta em mãos, Mantega adiantou a disposição em negociar:
— Digam onde estão os problemas e tragam soluções para a gente fazer o texto final.
Os parlamentares da Comissão de Agricultura da Câmara e do Senado se reúnem nesta quarta-feira para analisar o pacote. Na quinta, uma contraproposta será enviada ao Ministério da Fazenda.
O impasse em torno da renegociação já estende há 11 meses. A questão é tão delicada que, nesta terça, os três ministros chegaram a cancelar alguns compromissos para fechar a oferta.
Pelo menos R$ 16,3 bilhões foram incluídos na faixa de dívidas a serem revisadas, já que a idéia inicial era negociar apenas R$ 40 bilhões. O acerto final foi político: eles concordaram
que um anúncio oficial só será feito após um acordo com o
setor.
— Só vamos anunciar a renegociação na segunda-feira se houver acordo — adianta Stephanes.