| 24/03/2008 19h14min
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou nesta segunda-feira que o governo esteja pensando em estipular um prazo máximo para a concessão de empréstimos para alguns setores que crescem muito rápido, como, por exemplo, a aquisição de automóveis pela população, segundo informações do site G1.
— Não estamos pensando em estabelecer limites para os prazos de financiamentos — disse ele. Mantega negou que tenha dito anteriormente, em entrevista à imprensa, que o prazo ideal para financiar a compra de veículos seja de até três anos.
— Só falei que 80 ou 90 prestações talvez seja um número grande. Expus a preocupação de que prazos muito longos poderiam ser evitados — disse o ministro.
Mantega confirmou, porém, que se reunirá na próxima quarta-feira com representantes dos bancos para tratar do crédito para a compra de veículos.
— Se o setor financeiro me disser que tem segurança nesses créditos, que eles são feitos
com sustentabilidade e que tem capital para bancar essa
alavancagem (alto volume de crédito frente ao seu capital), eu ficarei mais seguro. É obrigação do Ministério da Fazenda zelar para que o crescimento do crédito seja de longo prazo — disse ele.
Crescimento econômico sustentado
Segundo o ministro, a preocupação é em manter um patamar de crescimento sustentado para a economia brasileira acima de 5% ao ano.
— O Brasil tem uma situação privilegiada, porque cresce com demanda forte e investimentos altos. A preocupação é que o crescimento prossiga em 2009 e 2010. Temos que preservar o mercado interno robusto e a manutenção dos investimentos. Queremos impedir que haja excessos — disse ele.
Além do setor automotivo, Mantega também se mostrou preocupado que outros dois setores da economia, o aço e o setor de cimento, que também crescem à taxas elevadas, mantenham o seu nível de investimentos e, com isso, consigam atender à demanda crescente pelos seus
produtos.
— É preciso saber se estes setores, que crescem
de 15% a 25% ao ano, tenham condições de permanecer — disse ele, que acrescentou que o aumento dos investimentos será favorecido pela política industrial do governo, que pode sair nas próximas duas semanas.
Inflação
Questionado se sua principal preocupação seria com o aumento dos preços destes produtos, o ministro afirmou que não há "processo inflacionário preocupante no Brasil". A afirmação é feita duas semanas após a divulgação da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na qual o colegiado responsável pela fixação dos juros brasileiros informou que discutiu um aumento de juros no início deste mês.
— O Brasil tem inflação controlada. A pressão vem de fora, das 'commodities' (produtos básicos, como alimentos, ferro e petróleo - que têm cotação internacional) agrícolas. Há uma pressão que vem de alimentos, mas estamos na iminência da colheita da safra, o que vai impactar os preços. Não vejo
risco de inflação nem agora, nem em 2009 ou 2010
— disse ele, ressaltando, porém, que as decisões sobre taxas de juros são de competência do BC.
Mantega: "É obrigação do Ministério da Fazenda zelar para que o crescimento do crédito seja de longo prazo"
Foto:
Marcello Casal Jr., ABr