| 19/03/2008 15h18min
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) elaborou um projeto para se prevenir contra a poluição de Pequim durante os Jogos Olímpicos de 2008. A má qualidade do ar na capital chinesa já levou o recordista mundial da maratona, o etíope Haile Gebrselassie, a desistir de disputar a prova por medo de ter problemas de saúde.
Nesta terça, os atletas Marílson dos Santos (que correrá a maratona e os 10 mil metros em Pequim), Mário dos Santos (marcha atlética) e Juliana dos Santos (800m e 1,5 mil metros), realizaram exames médicos em São Paulo, cujo objetivo foi detectar uma possível sensibilidade nas vias aéreas, além de avaliar o quanto eles sofrerão no decorrer das provas com o ar poluído.
– Durante a prática de exercícios, a via aérea diminui de calibre, portanto, menos ar entra nos pulmões. Dessa forma, o atleta é obrigado a fazer mais força, gastar mais energia para respirar. Gastando mais energia, ocorre uma queda em sua performance – explicou Marília Andrade, coordenadora do projeto realizado em conjunto pelo COB e Universidade Paulista de Medicina.
Em presença de ar poluído, a diminuição do calibre da via aérea é potencializada, prejudicando ainda mais o desempenho dos atletas. Por este motivo, se for detectada uma sensibilidade maior em determinado esportista, os médicos orientarão as confederações responsáveis para que sejam realizados treinamentos específicos para cada caso. Além disso, algumas medidas preventivas deverão ser adotadas durante a permanência em Pequim.
– Uso de máscaras e não se expor em ambientes externos em horário comercial e de intenso fluxo de trânsito. Enfim, é preciso evitar ao máximo o contato com o ar poluído – afirmou a médica, informando que no caso dos atletas apresentarem uma sensibilidade muito grande nas vias aérea, poderão fazer uso de medicamentos autorizados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
O maratonista Marílson dos Santos não acredita que os fatores climáticos da capital chinesa possam ser decisivos na disputa. Entretanto, ele apóia a idéia proposta de mudar as provas de atletismo para outra cidade que tenha o ar menos poluído.
– Não estou muito preocupado com isso, não. Até porque a gente treina perto de São Paulo (em São Caetano do Sul) e, se estiver ruim para mim, vai estar para todos. Agora, deve se pensar no lado humano do atleta. Se for prejudicial para a saúde (correr em Pequim), tem que mudar o local, sim – afirmou o medalhista de prata na prova dos 10 mil metros nos Jogos Pan-Americanos.
Este projeto realizado pelo COB, que visa a uma melhor preparação para os Jogos, abrange a todos os esportes que terão representantes nacionais em Pequim. São feitos exames médicos, além de testes físicos com os integrantes de todas as seleções brasileiras para avaliar o estado de cada um e, assim, elaborar um plano de treinamento mais eficaz.
GAZETA PRESS