| 25/02/2008 08h13min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que o fato de as reservas internacionais brasileiras terem superado o total da dívida externa é resultado da seriedade do trabalho do governo e da estabilidade econômica. Lula falou no programa semanal de rádio Café com o Presidente.
— É uma demonstração que nós estamos dando para a sociedade de que nós vamos transformar este país definitivamente numa grande economia e numa grande nação. Não dependemos mais dos EUA e da Europa. Agora exportamos para muitos países do mundo. Isso nos dá tranqüilidade para enfrentar uma crise americana — disse.
O anúncio de que o Brasil atingiu montante maior de reservas externas — cerca de US$ 180 bilhões — do que o total da dívida no Exterior foi feito pelo Banco Central no último dia 21. Foi a primeira vez que o Brasil tornou-se credor externo.
— Essas reservas são superiores a tudo o que o governo deve e a tudo o que deve a iniciativa privada no
Exterior. (...) Isso dá tranqüilidade à
família e isso dá tranqüilidade ao país, dá tranqüilidade ao governo.
Além da possibilidade de o mundo financeiro acreditar mais no Brasil, Lula disse que o saldo positivo de US$ 4 bilhões (diferença entre a dívida e o total das reservas) é fruto do "que foi construído ao longo de muitos anos com erros de outros governos, com erros nossos e com acertos".
Números apontam equilíbrio
Para ele, chegou-se a um ponto de equilíbrio que garantiu estabilidade econômica, controle da inflação, crescimento do crédito e do mercado interno, mais capacidade de compra por parte da população e também diversificação da pauta de exportação, acompanhada de crescimento em números. Com esse cenário, observou o presidente, o Brasil não só mostra solidez, mas também capacidade para enfrentar uma possível crise na economia americana.
O presidente ressaltou números que corroboram sua tese. Lula lembrou que a indústria como um
todo cresceu 6% em 2007 e que a indústria de veículos,
particularmente, cresceu 15,2%. No mês de janeiro, foram 142 mil empregos com carteira assinada.
— A folha de pagamento da indústria também está crescendo, a produtividade está crescendo.
Lula afirmou ainda que tem expectativa de um crescimento acima das próprias projeções do governo contidas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
— Nós tínhamos uma previsão de crescimento de 4,5% em 2007, mas vamos crescer mais que 5%, 5% em 2008, 5% em 2009 e 5% em 2010. Eu acredito e respeito muito as avaliações dos economistas, do Banco Central e de todos os institutos, mas eu acredito que as condições estão dadas para que a gente possa crescer mais do que isso — disse.
Ele ressaltou que é preciso, no entanto, garantir um crescimento sustentado e duradouro, em que não haja, por exemplo, um consumo maior do que a capacidade produtiva. Para o presidente, crescer de forma equilibrada pressupõe
inflação controlada.
— Se a economia
brasileira crescer durante 10 ou 15 anos de 5%, 4,5%, 5,5% , 6,5%, com a inflação controlada, será o melhor benefício que esse país pode ter, porque aí nós vamos elevar a massa salarial, que está acontecendo, nós vamos diminuir o desemprego no país, nós vamos aumentar o crescimento industrial, aumentar a produtividade da indústria, e vamos continuar exportando mais e crescendo o mercado interno.