| 23/01/2008 08h12min
A produção de cana prospera em Minas Gerais. No Estado, 40 novos projetos de usinas de álcool e açúcar foram protocolados, a maioria para a região do Triangulo Mineiro, considerada o novo pólo da cana-de-açúcar no Brasil. A ultima safra cresceu 22%.
Mesmo com a previsão de baixos preços para 2008, o setor está otimista quanto aos resultados a longo prazo. A possibilidade de abertura de novos mercados é a aposta dos investidores. Além de álcool e açúcar, a energia elétrica promete ser mais uma fonte promissora de renda.
Na última safra, Minas produziu 35,6 milhões de toneladas de cana - 60% destinada à produção de álcool. O Estado conta com 27 usinas em atividade, com previsão de que mais três entrem em operação este ano.
O mercado externo para o álcool promete tornar-se uma realidade a partir de 2010, dando suporte para novos projetos. Por isso, a queda de 14% nas exportações não preocupa o setor que considerou 2007 um ano atípico.
Com o mercado interno abastecido, a
preocupação está no curto prazo. Em Minas Gerais, até 2012, 51 usinas vão estar em plena produção, moendo 84 milhões de toneladas - mais que o dobro da atual safra.
– O mercado externo é hoje apenas para bebidas, para a alcoolquímica, bebidas para indústria. E, no caso do Japão, saquê. Quer dizer, são usadas em outras coisas. Pra combustível não temos um mercado ainda, certo? Mercado de combustível é só no Brasil e Estados Unidos – declarou o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais, Luis Martins.
Para a construção de uma usina de álcool com moagem de dois milhões de toneladas de cana, são necessários R$ 300 milhões e 12 anos para retornar o investimento. Com a melhoria da tecnologia para produção de energia elétrica, através da biomassa consumindo o bagaço da cana, a usina passa a consumir 30% de energia. O restante vai para a rede.
O retorno desta geração é mais rápido, leva
cinco anos. De acordo com Martins, o
setor é o único que pode dar uma resposta rápida para evitar um possível apagão energético.
– Você pode, num certo espaço de tempo, mudar as caldeiras. E usando o bagaço, fornecer energia na rede. E vai fornecer energia na época da seca, onde as barragens estão baixas, que é a época da safra. E ambientalmente você consegue uma licença muito mais rápido que uma hidráulica – defende.
Outro atrativo para novos investimentos no Triangulo Mineiro, segundo o especialista, é o álcoolduto, que pode reduzir o custo do transporte em mais de 30%, e deve ficar pronto em quatro anos:
– O que vai acontecer é o seguinte: vai levar um terminal até Ribeirão Preto. Ribeirão Preto para Uberaba e depois daqui seguir em relação a Goiás, em Senador Canhedo. Então, o que está se pensando depois é levar também uma puxada até o posto São Sebastião, em São Paulo. Então, você vai poder colocar o álcool aqui, todo o Triângulo, e escoar ele em condições
mais baratas para o Exterior.
Nesta fase de implantação de um novo pólo da cana de açúcar, a sociedade mineira está atenta às mudanças. Durante o próximo Congresso Internacional de Tecnologia na Cadeia Produtiva da Cana (Concana), que ocorre na agrocapital Uberaba (MG), a discussão vai esquentar, como explica o coordenador do evento, João Machado Prata.
– A missão nossa é fazer com que a sociedade participe disso, escolhendo o que quer, qual modelo de usina que quer que se instale, como ela terá sua interação frente às usinas, se ela quer participar dos aspecto produtivo, a interação da sociedade – seja do segmento médico, do segmento comércio, das associações comerciais, do segmento tributário -, a contextualização do meio ambiente frente aos possíveis impactos que ocorrerão.
O Concana reunirá especialistas do setor no período de 31 de março até 3 de abril, no Centro de Eventos da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu.
Crescimento da produção de cana na última safra foi de 22% em Minas Gerais
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