| 01/01/2008 10h20min
A cada ano, estima-se que 200 mil crianças em todo o mundo nasçam com defeitos incapacitantes na coluna cervical. Muitas ficam paralíticas ou permanentemente comprometidas pela espinha bífida. Algumas, por uma condição conhecida como anencefalia (ausência de cérebro), sobrevivem em estado vegetativo. É um problema terrível e teimoso, tanto no primeiro mundo quanto nos países em desenvolvimento. Mas muitos especialistas acreditam que ele seria em grande parte eliminado por uma simples medida do governo: a requisição de que a farinha passasse a ser fortalecida com o ácido fólico, suplemento alimentar que previne esses defeitos do tubo neural quando consumido por mulheres desde antes da concepção até o fim do primeiro trimestre da gravidez.
Desde 1998, o governo norte-americano exige que quase toda farinha seja fortificada com o suplemento. Mas, na verdade, a requisição significava que as mulheres receberiam uma dose extra de 100 microgramas de ácido fólico por dia - muito menos do que os
níveis
mostrados em estudos para prevenção de spina bífida e outros defeitos do tubo neural. Por mais de uma década, a Agência Regulatória de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos tem resistido aos pedidos para que a quantidade seja dobrada.
A promessa do ácido fólico emergiu há 40 anos, quando obstetras ingleses perceberam que a spina bífida ocorria com freqüência quando as mães tinham anemia causada por deficiência de ácido fólico. Em 1991, Nicholas Wald, o principal investigador do tema, encontrou resultados extraordinários: quando as mulheres tomaram o ácido fólico diariamente antes da concepção e ao longo do primeiro trimestre de gravidez, a ocorrência de spina bífida caiu em 72%.
Uma das preocupações diz respeito ao fato de um excesso de ácido fólico poder mascarar sintomas de deficiência de vitamina B12 e talvez levar a danos cerebrais irreversíveis em pessoas mais velhas. Recentemente, alguns pesquisadores apontaram para o fato de a
taxa de câncer do cólon
ter subido ligeiramente no final dos anos 90, depois que a obrigatoriedade do ácido fólico foi implementada. Mas as taxas de câncer do cólon têm caído desde então, o que sugere um aumento na estatística. Há bons motivos para crer que a adição obrigatória do ácido fólico possa prevenir outros defeitos congênitos.
Os níveis sangüíneos de folato entre mulheres jovens têm declinado, de acordo com um estudo do Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), divulgado em janeiro passado, talvez porque a obesidade tem se agravado e devido à popularidade das dietas de baixo carboidrato.