| 26/12/2007 16h43min
Na opinião de ambientalistas e representantes do setor agropecuário, o Brasil já está atrasado na definição de uma política de zoneamento que determine regras para controlar a expansão produtiva e orientar investimentos. As normas estão sendo elaboradas pelo governo federal e a expectativa é de que sejam concluídas e anunciadas ao longo do ano que vem.
Para o assessor técnico da Comissão de Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Justus, a falta de zoneamento tem consequências graves em um país com as características do Brasil.
– Temos o maior estoque de terras férteis do mundo e também o maior estoque da biodiversidade. Conciliar isso não é uma tarefa fácil – disse Justus.
O Greenpeace considera o zoneamento fundamental para disciplinar a ocupação da Amazônia, mas avalia que ele não será feito com a presteza exigida pela situação.
Para o coordenador de políticas públicas da organização não-governamental, Sérgio Leitão, o zoneamento deve ser impositivo e argumenta que políticas meramente indicativas de conduta não funcionam para "domar" atividades econômicas com forte apelo de lucratividade.
– O que falta na Amazônia é comando e controle. Falta Estado, políticas públicas e polícia, para que a região não seja vista como terra de ninguém, onde tudo é possível. 80% das terras da Amazônia são públicas, mas griladas.
O pesquisador do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Nilo Dávila, lamenta que o zoneamento não tenha sido feito "antes de todo o apoio político à produção da cana, com o presidente Lula fazendo papel de mercador do etanol brasileiro".
A CNA sustenta que o Brasil tem áreas degradadas e subutilizadas suficientes para serem reincorporadas ao processo de produção e aumentarem em até 5 vezes a produção do etanol, sem derrubar uma árvore da floresta ou até mesmo fazer expansões sobre o cerrado nativo.
AMAZÔNIA.ORG