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 | 19/12/2007 19h38min

Banco Central revê cálculos e projeta déficit para saldo de conta corrente em 2008

Uma das justificativas é perspectiva de crescimento das importações em ritmo maior que as exportações

O Banco Central revisou a projeção de 2008 para o saldo da conta de transações correntes, que engloba a balança comercial, serviços e rendas e transferências unilaterais. Pela primeira vez, desde 2002, o perspectiva é que o resultado seja negativo. A projeção foi alterada de 3,2 bilhões de dólares de superávit para um déficit de US$ 3,5 bilhões, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.

Em 2002, o déficit em transações correntes foi de US$ 7,637 bilhões; este ano, a projeção é de fechar o ano com superávit de US$ 2,4 bilhões.

Um dos motivos para a revisão dos cálculos é perspectiva de crescimento das importações em ritmo maior do que as exportações, o que resulta em um superávit comercial (exportações menos importações) menor. A projeção é de um aumento de 17% nas importações e de 8% nas exportações em 2008.

— As importações vão crescer mais rápido do que as importações por conta do nível de atividade econômica mais forte — explicou Altamir Lopes.

Segundo ele, a expectativa é que o superávit comercial em 2007 chegue a US$ 39 bilhões e caia para US$ 30 bilhões em 2008, sendo que a previsão anterior para o próximo ano era de US$ 34 bilhões.

O economista do BC disse que outro fator para a revisão dos cálculos foi o aumento das remessas de lucros de dividendos ao exterior:

— Essas remessas vêm crescendo de forma expressiva e refletem a lucratividade das empresas, o crescimento do estoque de investimento direto e o crescimento do estoque das aplicações em carteira do portfólio (investimentos em papéis e ações).

A projeção para essas remessas em 2008 passou de US$ 16,8 bilhões para US$ 20 bilhões e para o portfólio de US$ 10 bilhões para US$ 26 bilhões, em 2008.

Apesar da projeção de déficit para as transações correntes, Altamir Lopes afirmou que o balanço de pagamentos (toda a movimentação comercial e financeira do Brasil com o exterior) "está financiado" pelos investimentos estrangeiros diretos (aqueles que se destinam aos setores produtivos da economia). A expectativa é de que ao final do ano o ingresso de investimentos diretos chegue a US$ 35 bilhões, valor considerado um recorde.

— Esse resultado já supera qualquer ingresso anual, mesmo considerando anos de recursos direcionados às privatizações.

O ingresso de investimento estrangeiro direto este ano só vai superar o ano de 2000, quando o valor ficou em US$ 32,779 bilhões.

Altamir Lopes afirmou que houve uma melhora expressiva no que diz respeito a pagamento de juros:

— Há alguns anos era um grande vilão que tínhamos no resultado em transações correntes e isso hoje não é tão expressivo.

A projeção é que o pagamento de juros chegue a US$  7,5 bilhões neste ano. No acumulado de janeiro a novembro deste ano, o pagamento de juros chegou a US$ 6,782 bilhões.

— Essa conta sempre girou ao redor de US$ 16 bilhões. Essa queda advém da redução do endividamento externo, principalmente o público, e no outro sentido por força do aumento das reservas (internacionais), que chegam neste mês de novembro a US$ 178 bilhões.

AGÊNCIA BRASIL

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