| 17/12/2007 20h47min
A incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) pelo Banco do Brasil (BB) enfrenta um dia decisivo no Senado nesta terça-feira. Precisando da aprovação do plenário para ser homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a federalização está emperrada nas desconfianças dos senadores Heráclito Fortes (DEM-PI) e Mão Santa (PMDB-PI).
Para neutralizar a oposição dos senadores, uma missão do governo catarinense chefiada pelo secretário estadual da Coordenação e Articulação, Ivo Carminati, viajou a Brasília com o objetivo de eliminar as dúvidas dos parlamentares. Desde a semana passada, Fortes e Mão Santa obstruem a pauta alegando que a incorporação do Besc estaria mal explicada.
— Quanto estão pagando? Por que vão federalizar e por que o banco não foi a leilão? Não está justificado esse modelo — questiona Fortes.
Armada às pressas durante o fim de semana, a reunião deve ocorrer na manhã desta terça, no gabinete do senador
Raimundo Colombo (DEM). Convocados por
Carminati, representantes do Banco Central, do Tesouro Nacional, do Banco do Brasil e da própria equipe que coordenou o processo no Estado vão responder às perguntas de Fortes e Mão Santa.
— Os senadores querem entender como foi feito todo o processo para se convencerem. Nós vamos explicar, até porque o Banco do Brasil tem prazo para assinar o acordo — disse Carminati.
Pressa
O secretário tem pressa porque sabe que a federalização depende do aval do Senado para iniciar um lento processo. O presidente Lula precisa assinar o decreto que retira o Besc do Plano Nacional de Desestatização (PND). Depois, uma comissão de técnicos fará uma avaliação no Besc e no Banco do Brasil para a questão chegar ao Banco Central e à Comissão de Valores Imobiliários (CVM), uma vez que os dois bancos têm ações na Bolsa.
O governo catarinense tem até julho para realizar todas as etapas da tramitação, prazo
estipulado pelo Banco do Brasil. O exíguo espaço de tempo levou o
governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), a entrar na negociação.
— Liguei para o senador (Heráclito) Fortes na sexta-feira. Expliquei tudo e ele me disse que não seria obstáculo para o Besc — contou Luiz Henrique.
Mais explicações
Ao ser questionado sobre o impasse, Fortes reafirmou o desejo de manter o requerimento na pauta, o que levaria o debate da incorporação para fevereiro de 2008 - justamente o receio dos catarinenses, que temem ficar sem tempo para encaminhar o processo se a votação ficar para o próximo ano.
O senador do Piauí também reclamou do fato de a incorporação ter sido anunciada pelo Palácio do Planalto antes da aprovação do Senado.
— O Planalto faz cerimônia e anuncia as coisas sem antes o Senado ter votado. Não somos casa de homologação. Por isso fiz o requerimento para saber como se deu o processo no Besc e para ver o caso do
Banco do Piauí. O requerimento continua até que eu seja convencido
—garantiu Fortes.
Se aprovada, a federalização do banco catarinense garantirá R$ 250 milhões relativos à venda das contas-salário.
Ciente da importância do negócio para o Estado, nesta segunda-feira, o ex-senador Jorge Bornhausen ligou para Fortes pedindo o fim do impasse. O filho do ex-senador, deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), também se comprometeu a participar da reunião.
Colombo tratou ainda de articular com Neuto de Conto (PMDB) e Ideli Salvatti (PT) a estratégia para a votação. O senador teme que os obstáculos impostos por Fortes e Mão Santa gerem desconfiança sobre a lisura da transação.
O Senado deve entrar em recesso no dia 20. Por isso, o objetivo dos líderes catarinenses é acabar com a resistência dos parlamentares piauienses para aprovar a federalização na terça-feira.
— Estamos todos preparados para fazer o debate e retirar esses impedimentos colocados pelos senadores. O que não podemos é
contaminar o processo — falou Colombo.