| 17/12/2007 13h53min
A União Européia está disposta a retomar as negociações para criação de uma zona de livre comércio com o Mercosul caso a atual rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio não avance nos próximos meses.
A intenção foi manifestada pelo Comissário Europeu de Assuntos Econômicos e Política Monetária, Joaquin Almuña, em Montevidéu. Almuña participou como convidado especial da reunião de ministros de economia e presidentes de Banco Central dos sócios e Estados Associados do Mercosul, no domingo, dia 16, a convite do ministro uruguaio de Economia e Finanças, Danilo Astori.
— Na medida em que os mesmos elementos também estão sobre a mesa das negociações multilaterais da Organização Mundial de Comércio, ainda que não com os mesmos detalhes, o grau de avanços ou dificuldades na OMC vem influindo na negociação com o Mercosul — admitiu o comissário europeu.
— O que queremos agora de nossa parte, e creio que também da parte do Mercosul, é
avançarmos nós mesmos nos próximos meses caso
não avancem as negociações da Rodada Doha. De nossa parte há vontade política, de nossa parte estamos dispostos a colocar sobre a mesa nossas propostas. Esperamos que isso também suceda por parte do Mercosul — afirmou em entrevista coletiva à imprensa após a reunião.
Segundo Almuña, o reinício das conversas em nível ministerial poderia ocorrer em maio de 2008, possivelmente no âmbito da Cúpula América Latina, União Européia e Caribe, prevista para Lima, no Peru.
As declarações de Almuña demonstram uma mudança de postura da União Européia. De acordo com o representante permanente da Missão Brasileira junto à Aladi e ao Mercosul, embaixador Regis Arslanian, o condicionamento das negociações UE-Mercosul à Rodada Doha foi uma opção européia.
— Brasil e Mercosul nunca condicionaram o processo negociador birregional a uma conclusão da rodada. Eles, sim, condicionaram, queriam primeiro ter uma idéia de como iria ficar o quadro geral da rodada para que
pudessem fechar com a gente — relata o
embaixador brasileiro.
Segundo Arslanian, a última reunião de negociação entre os dois blocos ocorreu em dezembro do ano passado. Desde então, as conversas não avançaram a espera dos resultados da Rodada Doha. Caso a retomada aconteça, O Brasil espera uma melhoria na proposta européia de abertura de mercados agrícolas.
— Para nós, o que é importante é que eles possam fazer uma oferta significativa de agricultura As tarifas agrícolas européia hoje são proibitivas — diz o embaixador. Como exemplo, cita o caso da carne, em que a tarifa de importação chega a 170%.
— Você não vai fazer um acordo como este, abrir as portas para produtos industriais e fazer concessões em serviços, e investimentos, dar preferências em compras governamentais e tratamento nacional para empresas européias para, depois, receber menos em cotas de do que hoje a gente já exporta para eles. Para que, então, um acordo de livre comércio? — indaga Arslanian.