| 04/12/2007 08h14min
Companhias brasileiras do setor de biocombustíveis têm aumentado a procura por financiamento para expansão internacional de suas atividades. A internacionalização é um elemento de importância crescente nos projetos apresentados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo Siqueira Cavalcanti, afirmou nessa segunda-feira, dia 3, que ao financiar uma empresa do setor de biocombustíveis, principalmente ligada à produção de etanol, o banco não se limita à estratégia de expansão interna da companhia para atender o mercado de açúcar e álcool.
¿ O BNDES, como um banco de desenvolvimento, está preocupado em dar sustentabilidade ao crescimento dessas empresas. E a gente tem visto que muitas delas já possuem estratégias fortes de expansão internacional. Elas querem realmente se tornar ¿global players¿ (jogadores globais) ¿ salientou Cavalcanti.
Segundo ele, boa parte das empresas já possui ativos no Exterior o que facilita o processo e permite um maior canal de distribuição dos produtos no mercado externo.
¿ O banco quer apoiar esse movimento. Assim como faz com outros setores e outras empresas já tradicionais clientes da instituição.
A fronteira tecnológica é outro ponto de atenção dado pelo BNDES aos projetos do setor. Cavalcanti disse que o banco está acompanhando com interesse a entrada das empresas do setor de pesquisa e desenvolvimento, especialmente no que se refere ao etanol de segunda geração, que é um sub-produto da celulose.
¿ Todos sabemos que o Brasil possui inúmeras vantagens competitivas em relação aos outros países. Mas a gente tem que estar preocupado com a questão da manutenção da liderança no futuro ¿ avaliou.
Daí a importância das novas tecnologias em relação ao etanol de segunda geração, ou etanol de base celulósica, produzido a partir do aproveitamento do bagaço da cana.
O
superintendente da área de Indústria do BNDES, Jorge
Kalache, deixou claro que o aproveitamento do bagaço de cana para geração de energia não vai alterar a liderança exercida pelo Brasil no setor de biocombustíveis.
¿ O Brasil vai se beneficiar porque o bagaço vai passar a ser uma fonte de biocombustível também ¿ frisou.
A ampliação das frentes de produção do etanol foi avaliada pelo vice-presidente do BNDES, Armando Mariante, que citou a África como um país que pode participar de forma positiva na produção de etanol para abastecer o mercado mundial.
¿ Não faz o menor sentido o Brasil ser o grande player (jogador) mundial ¿ disse Mariante.
De acordo com ele, a tecnologia disponível hoje no Brasil, a possibilidade de exportação de bens e serviços de engenharia para empresas estrangeiras ou a eventual internacionalização de companhias brasileiras são fatores positivos para implantação de projetos e produção de etanol na África.
Ele lembrou que um dos insumos principais do etanol é a luz solar, que é fartamente encontrada em países do continente africano.
¿ No fundo, o etanol vai transformar a energia solar em energia líquida, que pode ser usada no transporte ¿ prevê Armando Mariante.
AGÊNCIA BRASIL