| 19/11/2007 08h05min
Já é possível comprar carro zero parcelado num prazo superior a oito anos, ou 99 meses, pagando juros de 0,89% ao mês ou 11,21% ao ano. Desde a virada do mês, vários feirões de veículos oferecem essa condição facilitada de pagamento.
Os juros cobrados são inferiores à Selic, a taxa básica de juro, que está em 11,25% ao ano. Essas condições abriram portas para que uma fatia expressiva da população de menor renda comprasse pela primeira vez um carro novo.
Pesquisa da MSantos, agência especializada em varejo automotivo, com 2,3 mil clientes em seis feirões de veículos, realizados entre julho e outubro, revela que 43% dos compradores estavam adquirindo um carro zero pela primeira vez. Em 2006, esse tipo de cliente não passava de 20%. Segundo Ayrton Fontes, economista da MSantos, os clientes de feirões usaram o dinheiro da venda do carro usado para outras finalidades, como cobrir dívidas do cheque especial e adquirir materiais de construção.
Um outro estudo, da LatinPanel, empresas de pesquisa de consumo que visita 8,2 mil domicílios no país semanalmente, confirma a tendência. Neste ano, as famílias da classe C, com renda média mensal de R$ 1.384, ampliaram em 11% o gasto médio com financiamento para compra de veículos em relação a 2006.
Análise rigorosa do crédito reduz risco de inadimplência
Os planos de longo prazo já preocupam os executivos das montadoras veículos. Ray Young, que deixou a presidência da GM do Brasil neste mês, disse que o crédito farto para financiamento de veículos pode provocar uma crise semelhante à que ocorre no mercado imobiliário de hipotecas de alto risco nos Estados Unidos (subprime).
– Existe uma euforia na venda de veículos – diz o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras, Luiz Montenegro, mas haver fatores macroeconômicos sustentando esse mercado, como o crescimento do emprego e da renda.
Além disso, acrescenta, os bancos fazem uma análise criteriosa para aprovar o crédito, e as camadas de menor renda pagam em dia porque precisam ter o nome limpo.
– Estamos muito longe da crise do subprime – afirma o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Êrico Sodré Quirino Ferreira.
Para ele, o consumidor americano tem endividamento superior a sua renda, o que não ocorre aqui. Prova disso é que não houve aumento da inadimplência, apesar do alongamento dos prazos, observa. Os dados mais recentes do Banco Central (BC) mostram que o atraso acima de 90 dias no pagamento dos financiamentos de veículos encerrou setembro em 3,3% dos créditos a receber. Desde o começo do ano, esse indicador tem se mantido, a despeito do alongamento dos prazos.
ZERO HORA