| 01/11/2007 16h21min
Cerca de 200 espécies das 552 variedades de peixes de água doce na Europa estão ameaçadas de extinção. O dado integra uma pesquisa divulgada nesta quinta, dia 1º, pela União Mundial para a Natureza (UICN) em Genebra, na Suíça.
Conforme o coordenador do Programa de Espécies da União, William Darwal, 12 espécies investigadas pela pesquisa já desapareceram.
– Devemos agir agora para evitar uma tragédia. O nível de perigo é muito maior do que o enfrentado por pássaros e mamíferos – advertiu William Darwal.
Ainda nesta quinta-feira, foi apresentado o novo Manual de Peixes de Água Doce na Europa, redigido após sete anos de pesquisas, que aponta a descoberta de 47 novas espécies.
O estudo aponta que muitas das espécies ameaçadas não têm valor aparente para as pessoas e, por isso, raramente atraem a verbas necessárias para sua preservação. No entanto, o manual ressalta que essas espécies "são parte importante de nosso patrimônio e essenciais nos ecossistemas de água doce de que dependemos para a purificação de água e para o controle das inundações".
Os autores do estudo, Maurice Kottelat e Jörg Freyhof, afirmam que o desenvolvimento e o crescimento da população na Europa nos últimos 100 anos são as principais causadoras da ameaça. A situação mais crítica se dá nas áreas secas do Mediterrâneo, que deixou alguns rios sem água nos meses de verão, fenômeno aguçado pelos impactos da mudança climática.
As áreas com maior nível de ameaça incluem os trechos inferiores dos rios Danúbio, Dniester, Dnieper, Volga e Ural, a Península dos Bálcãs e o sudoeste da Espanha.
Uma das espécies em risco é a enguia européia, que se reproduz no Oceano Atlântico, em média, uma única vez a cada 20 anos. Outras duas variedades também estão incluídas na lista: o gênero Gobio, na Criméia, e o Corégono do lago de Ammerse, na Alemanha.
O manual cita ainda a Bogardilla espanhola (Squalius palaciosi), que depende em grande medida dos níveis de chuva, e o Jarabugo (Anaecypris hispanica), cuja população foi reduzida em 50% na região da Espanha e de Portugal.
De acordo com Maurice Kottelat, que é presidente da Sociedade Ictiológica Européia e Jörg Freyhof, do Instituto de Ecologia de Água Doce, ainda há tempo de os governos da União Européia salvarem os peixes.
AGÊNCIA EFE