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 | 30/10/2007 10h07min

Após Maracanazo, Uruguai foi recebido com festa no RS

Porto Alegre recebeu dois jogos da Copa do Mundo de 1950

Isabela Vieira  |  isabela.vieira@rbsonline.com.br

Com a confirmação do Brasil como sede da Copa de 2014, Porto Alegre se prepara para receber pela segunda vez jogos do Mundial de futebol. Em 1950, na 4ª Copa da história, o Estádio dos Eucaliptos, do Inter, foi palco de duas partidas: Iugoslávia 4 x 1 México, em 28 de junho, e México 1 x 2 Suíça, em 2 de julho. Um terceiro jogo, entre França e Uruguai, também seria realizado em Porto Alegre, mas acabou cancelado depois que os franceses desistiram de participar da Copa por considerarem a viagem a Porto Alegre muito longa.

Os dois jogos realizados no Eucaliptos não foram os únicos eventos que mexeram com os gaúchos naquela Copa. Depois da histórica vitória sobre o Brasil, em pleno Maracanã, a seleção do Uruguai voltou a Montevidéo com escala em Porto Alegre, em 18 de julho. No Aeroporto São João (antiga denominação do Salgado Filho), os uruguaios foram recebidos como heróis por centenas de porto-alegrenses:

– O espetáculo verificado no Aeroporto São João foi verdadeiramente emocionante, revelando, antes de tudo, a amizade existente entre os dois povos irmãos que, embora rivais no setor esportivo, sabem festejar e aplaudir a vitória de um sobre o outro. Centenas de pessoas compareceram ao aeroporto, devendo-se notar que entre elas se contava um número extraordinário de esportistas brasileiros, desejosos de cumprimentar os heróis do Maracanã – conta a reportagem do jornal Correio do Povo, no dia 19 de julho de 1950.

Ainda no aeroporto, o Grêmio, então campeão gaúcho, preparou uma homenagem ao time campeão do mundo. Orgulhosos, os uruguaios pediram permissão para levar para casa as faixas produzidas pela direção gremista.

Euforia em Porto Alegre

Dias antes da passagem dos uruguaios, naquele final de junho e início de julho de 1950, a capital dos gaúchos esteve intensamente envolvida com a Copa. Os jornais da época relatam um clima de festa e euforia:

– Desde 1936, quando aqui eliminanos os cariocas e abatemos espetacularmente os paulistas, pelo certame nacional, em nenhuma outra oportunidade, mesmo quando a nossa cidade foi visitada por categorizados esquadrões estrangeiros, vivemos momentos de tamanha e tão entusiástica vibração – destaca a reportagem do Correio do Povo de 28 de junho de 1950.

O ex-dirigente colorado Arthur Dallegrave, então conselheiro do Inter, destaca a alegria dos porto-alegrenses com a realização de um evento de tal importância.

– Ah, foi uma euforia, porque era uma coisa inédita. O pessoal vibrou muito com a realização dos dois jogos em Porto Alegre.

O Estádio dos Eucaliptos foi inaugurado em 1931, na rua Silveiro, no coração do bairro Meninos Deus. Para o Mundial, foi reformado. O pavilhão de madeira da Silveiro foi transformado em arquibancada de concreto. Assim, o estádio ficou apto para receber cerca de 12 mil pessoas por jogo.

– O Eucaliptos era o único estádio disponível na época para sediar jogos do Mundial. Naquela época, o estádio do Grêmio, na Baixada, não tinha capacidade.

Dallegrave relembra um fato inusitado na partida entre Suíça e México. Como as duas seleções vestiam uniformes vermelhos, criou-se um impasse. O Inter ficou impossibilitado de ajudar pois também só tinha vermelho, e o Grêmio não pode emprestar suas camisetas pois os uniformes estavam no estádio da Baixada, no bairro Moinhos de Vento, na época no outro lado da cidade.

– Houve a interferência da Federação Gaúcha de Futebol. O jeito foi acionar a presidência do Esporte Clube Cruzeiro, que emprestou um terno de camisetas azul e branco. Foi assim que o México jogou contra a Suíça.

Vestindo o uniforme listrado do Cruzeiro de Porto Alegre e com a simpatia de boa parte da torcida porto-alegrense, o México foi derrotado pela Suíça por 2 a 1.

A última partida oficial no Eucaliptos ocorreu em 1969. Com a construção do Beira-Rio para ser a nova casa colorada, o estádio ficou em segundo plano. Atualmente, recebe jogos das categorias de base do Inter e outros eventos. A idéia da direção colorada é vender o complexo. O dinheiro arrecadado, cerca de R$ 20 milhões, segundo cálculos do presidente Vittório Píffero, ajudaria na reforma do Beira-Rio para a Copa de 2014.

Reprodução / 

Suíços (de escuro) e mexicanos (de camisa listrada) se preparam para jogar nos Eucaliptos pela Copa de 1950
Foto:  Reprodução


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