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 | 16/10/2007 15h22min

Brasil defende biocombustíveis e avança em metas da ONU no combate à fome

Stephanes procura demonstrar potencial produtivo do Brasil

O Brasil exibe atualmente programas sociais que ajudam a reduzir a pobreza e a fome, enquanto está empenhado em convencer o mundo de que é possível impulsionar biocombustíveis sem ameaçar a produção de alimentos.

A tese de que o país pode conciliar sua produção de etanol e biodiesel sem provocar distorções de preços será defendida na Europa pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, durante uma viagem que termina no próximo dia 19.

Stephanes se propõe a "esclarecer" aos consumidores e autoridades do Velho Continente "o potencial produtivo e de provisão de alimentos e combustíveis do Brasil para terceiros mercados", segundo seu gabinete. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) celebra nesta terça-feira o Dia Internacional da Alimentação.

Quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu pela primeira vez a Presidência, em 1º de janeiro de 2003, lançou um compromisso de erradicar a fome em poucos anos, por meio do programa Fome Zero. O Bolsa Família, principal instrumento dessa política, prevê transferência direta de renda com condicionalidades, beneficiando famílias pobres (com renda mensal por pessoa de R$ 60,01 a R$ 120) e extremamente pobres (com renda mensal por pessoa de até R$ 60).

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, os "valores pagos pelo Bolsa Família variam de R$ 15 a R$ 95, de acordo com a renda mensal por pessoa da família e o número de crianças".

Segundo o governo, a pobreza extrema já foi reduzida em mais da metade, para 4,4% da população (7,5 milhões de pessoas), atingindo um dos Objetivos do Milênio fixados pela ONU. Caso essa tendência seja mantida, o número de brasileiros que sobrevivem com menos de US$ 1 por dia cairá para 2,2% entre este ano e o próximo, segundo cálculos oficiais.

Biocombustíveis

Enquanto isso, Lula fez da produção de biocombustíveis uma das bases de sua política externa e na área comercial. O governo afirma que a utilização de cana-de-açúcar e de sementes oleaginosas para produzir carburantes no país não ameaça a segurança alimentar e ainda pode servir ajudar nos processos de inclusão social e de luta contra a pobreza.

Lula e os empresários tentam desarmar aqueles que vêem os combustíveis verdes como uma ameaça maior sobre florestas e selvas nativas e sobre o orçamento de milhões de cidadãos de baixa renda.

O Brasil destaca um ponto essencial: seu etanol é produzido em grande escala há três décadas, somente a partir de cana-de-açúcar. No mesmo período, o país se consolidou como um "celeiro mundial", na condição de principal exportador a preços competitivos de grãos, frutas, cereais e carnes.

– O Brasil gasta uma unidade de energia para produzir outras oito unidades por meio da cana. Enquanto os Estados Unidos gastam uma unidade para obter de 1,3 a 1,8 unidade de energia por meio do milho. Utilizando o milho, os EUA alteram os preços no mercado de grãos – declarou o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone, em uma recente conferência.

A preocupação com a inflação mundial dos alimentos levou a ONU a pedir uma moratória de cinco anos na produção de biocombustíveis para resistir ao aumento dos preços dos alimentos.

Cana-de-açúcar

Segundo um estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a próxima colheita de cana chegará ao recorde de 547 milhões de toneladas, com alta de 15,2% com relação à safra de 2006/07. De 473 milhões de toneladas de cana sairão 25,4 milhões de toneladas de açúcar e 21,3 bilhões de litros de etanol (cerca de 3 bilhões de litros a mais que na última safra). Nesta temporada, os canaviais ocuparão 6,92 milhões de hectares, com expansão anual de 12,3%.

Mas a Conab também projeta um aumento recorde na produção de grãos, até pelo menos 135 milhões de toneladas, com uma alta de 2,6%, graças ao impulso da soja e do milho, cujos preços saltaram no reaquecido mercado global. Os produtores brasileiros projetam uma alta de 4,9% na produção de soja, de até 4,6% na de milho; de 6,1% na de arroz, e de 72% na de trigo.

Já a área destinada à produção de feijão será de 6,2% a 8,2% inferior. Segundo os produtores isso se deve à seca, aos baixos preços do grão e à alta dos concorrentes soja e milho.

AGÊNCIA EFE

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