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 | 17/11/2006 08h08min

Ferenc Puskas morre aos 79 anos

Ex-jogador húngaro sofria do mal de Alzheimer há seis anos

O mítico ex-jogador húngaro Ferenc Puskas morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 79 anos, em conseqüência do mal de Alzheimer, de que sofria há seis anos, além de problemas respiratórios e cardiovasculares.

Puskas estava internado desde meados de setembro no hospital Kütvolgyi, em Budapeste. Seu estado de saúde era crítico há dias, por causa de uma pneumonia, segundo Gyoergy Szollosi Gyorgy, porta-voz da família.

O ex-jogador foi internado na UTI do hospital em setembro e praticamente perdeu o contato com o mundo, segundo informou seu amigo Jenö Buzanszky, também ex-jogador da seleção nacional.

– Esta é uma enorme tragédia para a Hungria e especialmente para nós, seus amigos – disse Buzanszky, ao saber da notícia, à agência húngara MTI.

– Nesta quinta falei com os médicos e eles comentaram que Puskas viveria até que seu coração agüentasse. Morreu o maior nome do esporte do país – acrescentou.

Com a morte de Puskas, só restam vivos dois integrantes da seleção húngara que encantou o mundo nos anos 50: Buzanszky e o goleiro Gyula Grosics.

Puskas nasceu em Budapeste no dia 2 de abril de 1927. Seu sobrenome original era Purczeld, de origem alemã, mas ele o mudou para Puskas após a Segunda Guerra Mundial. O ídolo húngaro começou a jogar futebol quando era gandula no clube Kispest, em Budapeste. Filho de um famoso jogador, ele seguiu seus passos e, aos 10 anos, jogava neste clube, onde estreou na máxima categoria húngara com apenas de 16 anos.

Puskas estreou na seleção húngara em 1945 em um jogo com a Áustria, no qual marcou um gol. Na equipe húngara, da qual foi capitão em 56 jogos, jogou 84 vezes - a última também contra a Áustria - e marcou 83 gols.

Com este histórico time húngaro, o famoso canhoto conquistou o ouro olímpico em Helsinque, em 1952, e o vice-campeonato na Copa da Suíça de 1954 - após perder para os alemães do capitão Fritz Walter por 3 a 2. Esta seleção da Hungria foi, em dezembro de 1953, a primeira equipe a derrotar a seleção inglesa em casa (Wembley), numa goleada de 6 a 3.

Em 1949, Puskas passou a vestir as cores do Kispest, que desde então passou a ser chamado de Honved e se tornou a equipe do Exército húngaro. O jogador se tornou tenente-coronel e conseguiu cinco títulos do Campeonato nacional (1950, 1952, 1954, 1955 e 1956). Nestes torneios, Puskas foi artilheiro três vezes (1949-50, 1950 e 1953).

A invasão soviética da Hungria em 1956 levou-o ao exílio, o que aconteceu também com outros muitos companheiros de sua equipe, deixando para trás um histórico de 349 partidas no Campeonato nacional, com 358 gols.

Após passar por vários clubes do futebol europeu, Puskas foi contratado em junho de 1958 pelo Real Madrid, depois de um jogo extraordinário contra o Botafogo.

Uma lesão o impediu de jogar a final da Liga dos Campeões pelo Real Madrid em 1959, embora não tenha tido que esperar muito para somar este troféu a seu histórico, já que teve uma importantíssima contribuição na conquista da quinta Liga da equipe, em 1960.

No início dos anos 60, o Real Madrid viveu um de seus períodos mais gloriosos, quando conquistou cinco títulos consecutivos do Campeonato Espanhol (de 1960-61 a 1964-65). Puskas encerrou sua carreira no futebol com a conquista da Liga dos Campeões de 1965-66, embora também não tenha jogado a final dessa edição.

Até sua aposentadoria, em junho de 1967, Puskas jogou no Real Madrid 180 jogos do Campeonato Espanhol, nos quais marcou 154 vezes.

Após conseguir a nacionalidade espanhola em 1961, Puskas fez uma breve passagem pela seleção da Espanha, onde estreou em setembro desse ano contra o Marrocos e jogou três outros jogos, o último em junho de 1962, quando a equipe foi derrotada pelo Brasil na Copa do Chile.

Depois de sua aposentadoria, Puskas investiu em diversas áreas e atuou na equipe técnica do Real Madrid. Como técnico, o húngaro trabalhou em vários times de todos os continentes. Teve experiências nos Estados Unidos, no Canadá e na Grécia.

Sua maior conquista foi levar o Panathinaikos à final da Liga dos Campeões, em 1971, mas perdeu para o Ajax.

Em 1975, Puskas treinou o Múrcia, da Espanha. Em 1976, foi técnico da seleção da Arábia Saudita e, nesse mesmo ano, dirigiu o chileno Colo Colo, onde esteve dois anos. Em 1978, foi responsável pelo grego AEK. Depois, passou pelos paraguaios Sol de América e Cerro Porteño.

No início da década de 90, Puskas treinou o South Melbourne, com o qual ganhou a Copa da Austrália (1990) e o Campeonato nacional de 1990-91.

Após deixar a Hungria, o ídolo húngaro foi julgado por ser acusado de "traidor da pátria" pelo regime comunista. Ele só conseguiu retornar ao país em 1981.

Em outubro de 1995, a Federação Internacional de História e Estatística de Futebol proclamou o ex-jogador húngaro artilheiro do século XX, ao somar em sua carreira 528 jogos e 512 gols. Desde então, passou a receber vários prêmios e homenagens.

Em julho de 1999, o Governo húngaro nomeou Puskas embaixador honorário do esporte húngaro no mundo.

No início de outubro de 2000, o ex-jogador foi hospitalizado em Budapeste para uma revisão geral, na qual se detectou que ele sofria de arteriosclerose cerebral.

Desde então, Puskas só saiu do hospital para comparecer a algumas homenagens, como a comemoração de seu 75º aniversário, em 2 de abril de 2002, quando o até então Estádio Nacional recebeu seu nome.

Em 21 de agosto de 2002, o ex-jogador assistiu ao amistoso feito em sua homenagem entre a Hungria e a Espanha, que terminou empatado em 1 a 1.

Em 2004, Puskas foi incluído na relação dos 20 melhores jogadores dos últimos 50 anos em uma pesquisa popular feita pela Uefa em seu site.

Puskas se casou em 1950 com Elizabeth e teve Anke, sua única filha.

AGÊNCIA EFE

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