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 | 05/06/2006 18h21min

Clubes europeus querem Mundial a cada dois anos

G-14 cobra da Fifa maior participação nos rumos do futebol mundial

Grupo formado pelos maiores clubes de futebol da Europa, o G-14 quer que a Copa do Mundo seja realizada a cada dois anos, e não a cada quatro anos como ocorre atualmente. A proposta faz parte de um estudo sobre a reformulação completa do futebol mundial.

O Brasil, candidato a sediar a Copa de 2014, seria o primeiro atingido pela proposta. Pelo estudo, o novo calendário do futebol começaria a valer depois da Copa de 2010, na África do Sul, o que anteciparia o Mundial para 2012, e não 2014.

Nesta semana, em Munique, a Fifa realiza seu congresso anual e, na agenda, está a definição sobre um calendário internacional para 2007 e 2008. Outro ponto de discussão é a relação entre a entidade máxima do futebol e o grupo de clubes milionários. O G-14 é formado por clubes como Real Madrid, Juventus e Manchester United, e pede maior voz nas definições sobre o futebol mundial.

Os cartolas se queixam de que a Fifa toma decisões sem consultar os clubes, que acabam sofrendo com o calendário e com a necessidade de liberar seus jogadores para as seleções nacionais. O estudo sobre a reformulação do futebol foi encomendado pelo G-14 à consultoria Hypercube, que elaborou um documento com mais de 30 páginas.

Segundo os assessores do grupo, se a Fifa der maior espaço de participação para os clubes e se tomar decisões mais favoráveis às equipes, o relatório sugerindo uma reforma do futebol poderia ser descartado. A Fifa, no entanto, preferiu não comentar o documento.

– Não se trata ainda de uma política do G-14, mas sim de um estudo que encomendamos para que possamos repensar a estrutura do futebol – afirmou uma fonte ligada ao G-14.

Outra proposta é para que a Eurocopa também ocorra a cada dois anos, enquanto o Mundial de Clubes, uma criação da Fifa e que tem o São Paulo como atual campeão, seja realizado apenas a cada quatro anos, e não anualmente como é hoje.

Com isso, as Eliminatórias para a Copa e para a Eurocopa praticamente acabariam para a Europa. As seleções seriam divididas em três divisões no continente europeu, com direito à rebaixamento. As 12 melhores equipes da Eurocopa se classificariam diretamente para a Copa do Mundo.

Na prática, apesar do Mundial ocorrer a cada dois anos, as seleções jogariam menos e, assim, os clubes não perderiam tanto com a ausência de seus craques.


Apesar de não tratar do Brasil, o relatório teria um impacto direto no país. Em primeiro lugar, ao propor que a Copa do Mundo fosse antecipada em dois anos, obrigaria a CBF a acelerar os trabalhos para a construção de estádios e infra-estrutura.

A decisão sobre quem sediará a Copa seguinte ao Mundial de 2010 na África do Sul ocorre em 2008. O que está certo é que a sede seria na América do Sul. Recentemente, os países da região enviaram uma carta à Fifa apoiando de forma unânime a candidatura brasileira. A entidade máxima do futebol, porém, alerta que o Brasil terá de cumprir a lista de exigências para sediar o mundial.

Se a reforma fosse acatada, o novo calendário daria maior atenção aos jogos de clubes da Europa. A Liga dos Campeões teria uma fase maior de eliminatória com 48 clubes e 269 jogos, contra os atuais 32 clubes e 125 partidas. Isso faria com que lucros aumentassem para 600 milhões de euros para os clubes europeus.

Agência Estado

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