Quem te ensinou a ler e escrever? Provavelmente, um dos seus primeiros professores. Muitas vezes, as pessoas não percebem, mas o professor tem um papel fundamental dentro da sociedade. Ele trabalha na formação de cidadãos, contribui na composição do caráter e na construção de diversos futuros.

A professora Nóris Virginia Curra, 72 anos, alfabetizou crianças por 45 anos. A aposentada conta com alegria e emoção os detalhes da docência.

— Iniciei minha carreira com 18 anos, em uma escola em Ana Rech. Dentro da mesma sala de aula, tinha alunos de anos (séries) diferentes, e eu precisava me "virar" para explicar os conteúdos. Ensinei inúmeras crianças a ler e a escrever. Eu era querida pelos alunos. Eles eram educados e gostavam de aprender — recorda.

A professora Angela Maria Carneiro, 39 anos, atua há um ano em uma escola da rede pública de Caxias do Sul. Angela estudou Magistério no Ensino Médio, porém, não havia exercido a função. Anos mais tarde, resolveu estudar Pedagogia:

— Durante um tempo trabalhei no comércio, mas eu sentia falta de alguma coisa e sabia que não estava realmente fazendo o que gostava. Foi então que resolvi cursar Pedagogia e me realizar profissionalmente — conta Angela.

Apesar de épocas diferentes, as professoras contam que é preciso ser criativo para chamar a atenção dos alunos.

— Minha mãe era costureira, e juntas, fabricávamos máscaras de pano que usávamos em apresentações. Anos mais tarde, aprendi a tocar gaita. Eu tocava e as crianças (os alunos) cantavam, era lindo — lembra Nóris.

Angela explica que, atualmente, os alunos são muito antenados, sabem bastante sobre internet e videogame. Conquistar atenção para o aprendizado é complicado:

— Os alunos são agitados, recebem informação demais e de forma superficial. Tento chamar atenção desenvolvendo atividades diferentes e divertidas, com trabalhos em grupo e confecção de cartazes.

As professoras falam sobre a escolha da profissão:

— Na época era praticamente a única carreira que as mulheres exerciam. Fiz Magistério na escola de normalistas. Eu me espelhava nas minhas professoras. Elas eram tão felizes que eu queria aquilo para mim. Foi então que resolvi ser professora também. Descobri que é a profissão da minha vida — ressalta Nóris.

— Fiz Magistério para concluir o Ensino Médio com uma profissão. Mas, na época não houve concursos para que eu pudesse lecionar. Depois de anos afastada da área, me formei em Pedagogia e tenho certeza de que fiz a coisa certa — afirma Angela.

Nóris fala sobre as recordações da vida dedicada a ensinar.

— Eu guardo todas as lembranças na minha mente e nas fotografias. Tenho os desenhos dos meus alunos, não consegui me desfazer de nada. Fico muito feliz quando encontro algum ex-aluno e sou reconhecida. Fico contente em saber sobre a sua vida, suas conquistas. Me orgulho de ter feito parte e ter contribuído para aquela pessoa ser quem ela é hoje — conta.

Angela conta sobre a profissão e o que espera.

— É gratificante ensinar e ver a evolução dos alunos. Nunca tenho a mesma rotina, cada dia eles me preparam uma surpresa. Nenhuma criança é igual a outra. Assim como eu ensino, aprendo bastante com eles. Estou muito feliz e realizada. Apesar de todas as dificuldades que nós professores vivenciamos, é uma carreira apaixonante — concluiu.

Acompanhe os depoimentos das professoras Angela Carneiro e Nóris Curra: