Marcada até agora por indefinições e desentendimentos, a negociação entre o PDT e o governador eleito Tarso Genro (PT) ganhou ontem um novo capítulo. Tarso já havia oferecido ao partido três secretarias – uma delas poderia ser Saúde ou Agricultura, nunca as duas juntas. Mas o PDT, nas últimas horas, passou a trabalhar com a hipótese de abrir mão da terceira pasta a que teria direito para ficar com a Saúde e a Agricultura, além de uma estatal.

A contraproposta da legenda foi construída após o deputado estadual Ciro Simoni (PDT) sinalizar com uma mudança de postura. Médico reeleito para o quinto mandato, Simoni era o preferido de Tarso para assumir a Saúde, mas havia manifestado publicamente sua intenção de permanecer na Assembleia. O parlamentar tinha pretensões de ser presidente da Casa durante um dos quatro anos da próxima legislatura.

Membros da equipe de Tarso rejeitavam a segunda opção do PDT para a Saúde – o deputado estadual eleito Diógenes Basegio, por suposta inexperiência administrativa. Ontem, após uma série de conversas com líderes pedetistas, Simoni se mostrou menos resistente:

— Temos um nó para desatar. E talvez eu possa desatá-lo.

Clique na imagem abaixo e confira a situação das pastas:

Deputado do PP tem encontro com Tarso hoje

No domingo passado, Simoni recebeu uma ligação do deputado estadual eleito Luiz Fernando Mainardi (PT), homem de confiança do futuro governador. Ciente de que Tarso precisa do PDT para governar com maioria, Mainardi também trabalhou para que o pedetista mudasse de ideia.

Os dirigentes do PDT acreditam que poderão dobrar Tarso se indicarem dois secretários de sua simpatia. Além de Simoni, o nome para a Agricultura seria o de Afonso Motta, produtor rural que ficou na suplência da Câmara Federal. O governador eleito reconhece em Motta um político de bom trânsito no agronegócio.

Enquanto isso, o deputado estadual reeleito Pedro Westphalen (PP) se encontra hoje com Tarso em Lisboa. A maioria dos líderes do PP resiste às investidas do governador, que tenta atrair mais este partido para o governo. Mas Westphalen, embora garanta que seu encontro em momento algum abordará questões políticas (veja entrevista na Zero Hora desta quarta-feira), não nega que entidades médico-hospitalares gostariam que ele fosse o secretário da Saúde.

Mainardi, que ajuda Tarso a buscar aliados, segue como curinga do governador eleito. Em princípio, ele assumiria a secretaria que o PDT abdicasse: Saúde ou Agricultura. Interlocutores de Tarso dizem que dificilmente os pedetistas levarão as duas.