Eleições | 02/11/2010 03h08min
No primeiro turno, Dilma Rousseff (PT) venceu José Serra (PSDB) no Rio Grande do Sul por 46,9% a 40,5% dos votos válidos. No segundo, Serra virou para 50,94% a 49,06%. O tucano se aproveitou da campanha à distância de Dilma, de forte ligação com o Estado, e inverteu o placar seguindo a cartilha do possível: em um mês, compareceu ao Estado mais vezes que a rival, trouxe cabos eleitorais de peso, fez com que lideranças locais aderissem à candidatura e, sobretudo, debruçou-se sobre um batalhão de indecisos.
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Apenas em Canoas a petista foi a preferida dos eleitores nos dois turnos: no primeiro, conquistou 46,34% dos votos válidos, contra 36,85% de Serra. No segundo turno, Dilma conquistou 50,72% dos votos, contra 49,28% de Serra.
Em Caxias do Sul, o tucano conquistou 60,61% dos votos válidos no segundo turno, enquanto Dilma recebeu 39,39%. No primeiro turno, Serra já havia ganhado a preferência dos eleitores com 46,76% dos votos. Dilma conquistou 36,82%.
A herança de Marina
Não dá para dizer que a tal “onda verde”, que catapultou Marina Silva (PV) a quase 20% dos votos no primeiro turno, tenha se repetido no Rio Grande do Sul. Por aqui, foram 11,3%.
— Mas ela fez 725 mil votos no Estado. Não é pouca coisa, não dava para menosprezar — lembra o deputado federal Germano Bonow (DEM), que coordenou a campanha de José Serra.
Bonow e sua equipe resolveram focar nos indecisos, um batalhão de 2,4 milhão de eleitores se somada a abstenção do primeiro turno com os eleitores agora órfãos da terceira via.
A pedido de ZH, o advogado Carlos Dirnei Fogaça Maidana, especialista em pesquisas eleitorais, analisou os números da eleição e chegou à estimativa de que os votos de Marina foram distribuídos na razão de 14,79% para Dilma e 85,21% para Serra.
Colaborou para isso o perfil do eleitor gaúcho de Marina:
— Tratava-se de um voto que, embrionariamente, era no Serra. Talvez um pouco envergonhado, daí a opção por Marina. Mas foi um voto mais conservador — explica a cientista política da UFRGS Maria Izabel Noll.
A força do antipetismo
A derrota de Dilma Rousseff no Rio Grande do Sul reacende o alarme no PT gaúcho. Após a vitória de Tarso Genro ao Piratini, petistas já supunham que a resistência ao partido diminuía no Estado.
— Tarso cresceu em cima de uma governadora desgastada (Yeda Crusius) e de um candidato sem discurso (José Fogaça). Não significa a redução do antipetismo ou do conservadorismo gaúcho — avalia a cientista política Maria Izabel Noll, professora da UFRGS.
O relaxamento petista
No primeiro turno, Dilma veio sete vezes ao Estado, contra duas visitas do tucano. Na segunda etapa, sem Tarso Genro (PT) no páreo, a campanha encolheu. A petista veio uma vez só.Serra veio três.
Não foi só isso que fez a campanha minguar. Segundo Laércio Barbosa, integrante da direção estadual do PT, não havia como explicar para aos militantes e políticos do Interior a aliança repentina com líderes de PMDB e PP que apoiavam Dilma.
— Depois de derrotarmos esses partidos na eleição para o Piratini, o próprio Tarso os trouxe para o palanque de Dilma. Isso desorientou a base do partido — analisa Barbosa.
O rodízio tucano
Mais do que aumentar seu número de visitas ao Rio Grande do Sul — em um mês, veio três vezes —, Serra jamais deixava o Estado desguarnecido.
Quando Serra não podia, outros importantes líderes nacionais vinham marcar território, oferecer entrevistas e, especialmente, pedir votos ao tucano. Entre os dias 13 e 26 de outubro, quase todos os dias foram marcados por visitas ilustres: o vice na chapa, Indio da Costa (que compareceu também três vezes), o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin e o governador eleito de Santa Catarina, Raimundo Colombo.
Serristas no RS |
- José Serra – 13, 22 e 26 de outubro |
- Indio da Costa (candidato à vice-presidência) – 15,16 e 17 de outubro |
- Roberto Freire (presidente do PPS) – 18 de outubro |
- Raimundo Colombo (governador eleito de Santa Catarina) – 19 de outubro |
- Geraldo Alckmin (governador eleito de São Paulo) – 25 de outubro |
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