Eleições | 19/10/2010 20h44min
Em entrevista ao Jornal Nacional nesta terça-feira, José Serra negou ter colocado a questão do aborto no centro da campanha eleitoral, atribuindo a responsabilidade à candidata do PT, Dilma Rousseff. Segundo o postulante do PSDB à presidência da República, "quem introduziu esse ingrediente à campanha foram o PT e a Dilma".
— Primeiro, a Dilma falou que era a favor do aborto. O que acontece é que ela falou uma coisa, depois disse outra. Não me passou transformar isso no centro da campanha. Eu sou contra a liberação do aborto — reiterou o tucano.
Questionado sobre a insistência em temas com conotação religosa (além do aborto, a união civil entre homossexuais) e se isso não significaria um retrocesso ao debate, Serra se defendeu, afirmando que em sua campanha "não há nada forçado".
— Sempre fui religioso. Sempre visitei igrejas e menciono a expressão "se Deus quiser". A candidata (Dilma Rousseff) é que passou a frequentar igrejas, coisa que ela não fazia — retrucou.
Serra também negou as suspeitas de arrecadação de recursos para campanhas do PSDB por parte do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto.
— Não houve desvio de dinheiro na minha campanha. Eu seria a vítima — defendeu-se o candidato. — A filha de Paulo Preto foi contratada por terceiros, não por mim. Era uma cerimonialista, não tinha relação com cargos estratégicos nem lobismo, como o filho de Erenice (Guerra, ex-ministra da Casa Civil).
Perguntado sobre a comparação que havia feito, de que Marina Silva (PV) e Dilma seriam parecidas, pois pertenciam ao PT na época do mensalão e permanceram no partido depois das denúnicas, Serra acredita que foi mal interpretado.
— Não foi uma acusação minha. Apenas disse isso para justificar que, comparando as coisas, se pode chegar a qualquer conclusão. Eu gosto muito da Marina, a admiro muito. Ela deu uma contribuição à democracia, com os votos que provocaram o segundo turno.
Para Serra, é viável cumprir certas promessas de sua campanha sem comprometer a economia (aumento do salário mínimo e para os aposentados, 13º para o Bolsa Família).
— As propostas são fundamentais do ponto de vista social. Hoje, há muito desperdício e desvio de dinheiro público. Vamos enxugar os gastos para atender os mais necessitados — prometeu.
Antes de entrevista no JN, José Serra esteve com Fernando Gabeira e deu entrevista coletiva
Foto:
Cacalos Garrastazu, Divulgação
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