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Eleições  | 07/10/2010 10h09min

Segundo turno adia votação do Código Florestal

Guerra entre ambientalistas e ruralistas devem causar substitutivos ao projeto

A "onda verde" que alavancou a candidatura de Marina Silva (PV) e as negociações políticas para o segundo turno da eleição para presidente frearam a tramitação do projeto que altera o Código Florestal Brasileiro na Câmara dos Deputados. A pressão política e a guerra entre ambientalistas e ruralistas devem causar ainda substitutivos ao projeto relatado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) na comissão especial criada para alterar a lei ambiental de 1965, bem como a uma série emendas à proposta.

Lideranças do PV já afirmaram, logo após o término do primeiro turno, que as alterações no Código Florestal, criticadas por ambientalistas, certamente entrarão na barganha política com Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) no segundo turno. Entre as principais críticas ambientalistas ao Código Florestal estão a anistia a agricultores que desmataram até 2009, a redução da distância mínima da área de preservação permanente (APPs) até a margem de rios e ainda a inclusão dessas APPs na soma para o cálculo da área mínima de reserva legal em propriedades rurais.

A possibilidade de novas alterações no projeto do novo Código Florestal serem incluídas na negociação de um cobiçado espólio de quase 20 milhões de votos de Marina Silva causa temor nos ruralistas.  Mônika Bergamaschi, diretora da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) dá como certa a barganha do apoio do PV e dos ambientalistas a qualquer um dos dois candidatos em troca dessas mudanças na proposta.

— Acho que deverão (barganhar) e é aí que mora todo o perigo — disse a executiva, uma das principais articuladoras da indústria e do setor ruralista para as alterações na lei ambiental.

Sem poder fazer muita coisa ao menos até novembro, a principal entidade do agronegócio brasileiro estuda propostas de emendas ao próprio projeto que seguiu ao plenário. Na Câmara, deputados davam como certa a vitória de Dilma no primeiro turno e firmaram um acordo de lideranças para que a proposta fosse votada já a partir desta semana, quando os trabalhos dos parlamentares teoricamente voltariam ao normal.

Relator do projeto, o deputado reeleito Aldo Rebelo (PCdoB-SP) admitiu que o assunto está relegado a um segundo plano diante da batalha eleitoral entre Dilma e Serra.

— Isso tudo fica para depois da eleição. Ninguém tem tempo nem cabeça para pensar em outra coisa — comentou.

Já o deputado reeleito Moacir Micheletto (PMDB-PR), presidente da comissão especial que avaliou as alterações do Código Florestal, afirmou que o acordo entre as lideranças dos partidos vale também para que se votasse o tema logo após o segundo turno. Micheletto admite que a votação do projeto possa ser postergada para 2011 por pressão dos ambientalistas, mas adota um discurso no qual tenta mostrar força da bancada ruralista.

— Pode até ser que o assunto não passe pelo plenário este ano, mas há o acordo e nós (favoráveis ao projeto de Rebelo) somos a maioria — afirmou.

 

Agência Estado
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