Eleições | 06/10/2010 21h04min
Em reunião de mais de quatro horas, representantes de grupos sociais e colaboradores da campanha de Marina Silva (PV) à Presidência da República deram um indicativo de qual deverá ser o destino da legenda no segundo turno: a neutralidade. Embora a coordenação da campanha rechace a palavra "neutralidade" e prefira o termo "independência", o que imperou na reunião desta quarta-feira em São Paulo é a preocupação em manter o capital político herdado nas urnas.
— Vamos fechar um posicionamento, isso não quer dizer apoiar um ou outro. Podemos ter a posição de ficarmos independentes — disse o ex-coordenador geral da campanha, João Paulo Capobianco.
O dirigente considera "neutralidade" um termo equivocado por dar a impressão ao eleitor de que o PV não dá a devida importância ao segundo turno.
— Neutro é um termo inapropriado, significa sem posição política. O correto é independente.
Isso significa, em outras palavras, que há uma forte corrente na campanha que apoia a ideia de deixar a decisão para o eleitor, sem um posicionamento oficial de Marina favorável a Dilma Rousseff (PT) ou a José Serra (PSDB).
— Minha linguagem não é de tutela com o voto do cidadão — sinalizou Marina nesta tarde, em entrevista coletiva.
A decisão do partido sairá no dia 17, em convenção com aproximadamente 90 militantes, colaboradores e simpatizantes. De acordo com Capobianco, a prioridade não é definir um apoio e sim tomar uma posição que atenda às expectativas dos eleitores de Marina.
— (A votação) gerou uma enorme responsabilidade e vamos ter de lidar com isso — admitiu.
Oficialmente, o partido teria três caminhos a seguir: apoiar Dilma, declarar voto em Serra ou optar pela "independência".
— (Hoje) foi uma oportunidade para discutir as diversas posições, mas o que une todo o grupo é a certeza de que não foi um voto no PV ou na Marina, foi um voto na visão (política de País).
Clamor
Eduardo Rombauer, do Movimento Marina Silva, apresentou à senadora a manifestação dos mais de 6 mil internautas que opinaram na internet sobre o segundo turno.
— Ficou claro que existe um clamor pela neutralidade — contou.
De acordo com ele, os internautas não se posicionaram favoravelmente a Dilma ou a Serra, mas ora eram contrários a um ora contrários a outro.
— Não existem favoráveis a Dilma ou a Serra, existem opiniões contra Serra ou contra Dilma.
Independentemente da tendência de se manter neutro, militantes e simpatizantes querem que tucanos e petistas se comprometam com as propostas apresentadas por Marina no primeiro turno.
— O mais importante é a sinalização do que (deve ser apoiado) e não de quem (devem apoiar). Estamos mais preocupado com a nova forma de fazer política — analisou Rombauer, que criticou a tentativa do tucano de se aproximar de Marina assumindo um discurso ambientalista neste segundo turno.
— Mostra que ele está perdido, que não entendeu a mensagem de Marina — comentou.
O teólogo Leonardo Boff, que participou da plenária, foi um dos poucos que manifestaram publicamente a recomendação de apoio a Dilma Rousseff.
— Ela (Marina) deve se envergar nesta direção — sugeriu.
Para Boff, o projeto petista é o que mais se aproxima dos projetos sociais que beneficiam a população.
— Trata-se de princípios e valores. Ela (Marina) não luta pelo poder, luta pela transformação social — argumentou.
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