Eleições | 06/10/2010 10h58min
Três dias depois de eleito governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro foi entrevistado no Painel RBS na manhã desta quarta-feira. Embora já projete alterações na questão das rodovias, o petista prometeu manter o sistema de pedágios até o fim dos contratos, em 2013.
— Temos, depois, que reformulá-los. Substituir o sistema de polos, que me parece nocivo à circulação de pessoas e de mercadorias. Umas soluções já temos definidas, como a exclusão do pedágio de Farroupilha — disse Tarso, que planeja pedágios comunitários para o Estado.
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Ouça a íntegra do Painel RBS com Tarso Genro
Questionado sobre a transição com a governadora Yeda Crusius (PSDB), Tarso se diz satisfeito com a pretensão da tucana de iniciar o processo em novembro. Seguindo a ideia explicitada sobre os pedágios, Tarso confirma que vai respeitar o que foi acordado pela atual gestão, como contratos de licitação.
— Pretendo fazer uma transição tranquila e respeitosa. Tenho interesse em procurá-la e vi que ela tem a mesma postura. Espero, nos próximos dias, coordenar a campanha de Dilma e, em 1º de novembro, começar a discutir o secretariado.
A respeito da composição de seu governo, o petista prometeu que sua equipe de secretários será eleita conforme a afinidade de cada postulante às pastas:
— Secretaria não vai ser quebra-galho para aliança. Não vou colocar um filósofo como secretário da Saúde, por exemplo — afirmou.
Tarso projeta promover nomes que pretendam preencher o mandato completamente, durante os quatro anos.
— A ideia é privilegiar quem não tenha relações eleitorais. Num governo de coalizão, os partidos têm que entender qual é o seu papel em relação ao todo. Caso contrário, se só querem disputar espaço, não entenderam o conceito de coalizão.
Assista ao primeiro bloco da entrevista
Estado como exemplo de participação
Apesar de reconhecer o valor do programa do PT de participação da comunidade, o Orçamento Participativo (OP), Tarso acredita que a ele precisam ser somados outros esforços:
— O Orçamento Participativo é uma experiência extraordinária, mas temos que criar um cinturão de participação. Por exemplo, não é adequado que o OP decida sobre a segunda Ponte do Guaíba, precisaria de uma decisão técnica. No entanto, o OP é muito bom para dizer se, em determinada região, a prioridade é uma escola técnica ou infantil — exemplificou, ratificando a importância que dará ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
— Confesso que não sei se será possível em quatro anos, mas quero transformar o Rio Grande em exemplo de participação cidadã — completa.
Assista ao segundo bloco da entrevista
Aproveitando o assunto, Tarso ainda não tem uma posição definitiva sobre a viabilidade de uma segunda Ponte do Guaíba ou a construção do Rodoanel - projeto alimentado por Yeda em sua campanha. Mesmo assim, acredita que, independentemente da solução, a ideia é buscar recursos com o governo federal.
Sistema prisional é assunto de Estado
Tarso lembrou que já há um Plano Diretor do sistema prisional, a que o Estado ainda não aderiu. É a partir dele que o novo governador pretende aprimorar os presídios.
— Temos que adotar um sistema que possa corrigir o preso, com políticas de reinserção. Também vamos construir presídios de médio porte para jovens até 25 anos, numa espécie de presídios-escola — elencou.
Sobre parcerias público-privadas para construção de presídio, Tarso afirmou não ser simpatizante da prática.
— Sou absolutamente contra que se entregue a direção de presídios para a iniciativa privada.
Assista ao terceiro bloco da entrevista
Luciana Genro
Perguntado sobre o sistema político no Brasil, Tarso o considerou justo e correto. Mesmo assim, a lei pode contemplar injustiças, disse ele, mencionando o caso de sua filha, Luciana Genro, que não conseguiu se reeleger deputada estadual pelo PSOL devido ao coeficiente eleitoral. Além disso, com a vitória de Tarso, Luciana estará inelegível a partir do próximo ano, de acordo com a legislação, que veda a eleição de parentes até o segundo grau, exceto à reeleição ou a cargos fora da jurisdição.
— A Luciana está sendo barrada de maneira injusta por uma lei justa. Eu acho que ela deveria buscar uma suplementação do Judiciário — aconselhou.
Combate à corrupção
Questionado sobre o problema da corrupção, Tarso argumentou que ela pode ocorrer em qualquer governo.
— Não é defeito pessoal de qualquer posição política. Cabe ao governo investigar imediatamente as denúncias e, caso o acusado não consiga se defender, afastá-lo do cargo.
Em diversas oportunidades, Tarso reiterou que, seja na área de segurança, de desoneração de impostos ou de infraestrutura, pretende recorrer ao governo federal, mostrando confiança absoluta na vitória da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff:
— Tenho certeza de que vamos vencer no segundo turno — descartando a possibilidade de uma vitória do tucano José Serra e, com isso, uma eventual mudança na relação com Brasília.
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