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Eleições  | 06/10/2010 03h22min

Figurões da política são barrados nas urnas

Saiba por que alguns dos políticos mais conhecidos do Brasil não se reelegeram

Elton Werb  |  elton.werb@zerohora.com.br

Eles são figuras de destaque e líderes nacionais de seus partidos. Grandes puxadores de votos, suas reeleições pareciam fáceis. Mas, surpreendentemente, os eleitores preferiram mandá-los para casa ou dar um cartão amarelo. Saiba por que alguns dos políticos mais conhecidos do Brasil não se reelegeram.

Alguns dos mais proeminentes personagens da República foram afastados do palco da política no último domingo. Nomes ilustres, como os senadores Artur Virgílio (PSDB-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Marco Maciel (DEM-PE), não se reelegeram.

No Rio Grande do Sul, onde o ex-governador Germano Rigotto (PMDB) ficou em terceiro na corrida pelo Senado, também ficaram sem mandato antigos puxadores de votos, como o deputado Eliseu Padilha (PMDB). E o eleitor ainda deu um aviso para outros políticos que, apesar de manterem suas cadeiras, tiveram votações bem mais modestas do que em pleitos passados.

Segundo cientistas políticos ouvidos ontem por Zero Hora, as causas para o fracasso de políticos bem votados não são únicas, embora algumas sejam óbvias: de um lado, uma fatia generosa de desgaste político, doses variadas de escândalos, oposição ao governo Lula, ideias e discursos envelhecidos – e, do outro lado, adversários sustentados por governos que, além de exibirem gordos nacos de popularidade, em muitos casos utilizaram sem pudor a máquina estatal para eleger seus candidatos.

Com sua imagem arranhada por sucessivos escândalos, não por acaso o Senado foi o principal alvo da insatisfação do eleitor. Das 54 vagas em disputa na eleição de domingo, 33 foram conquistadas por candidatos que nunca ocuparam o cargo antes. Mas, enquanto renovavam o mandato de políticos envolvidos em muitos desses escândalos, como Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), as urnas silenciavam algumas das vozes mais eloquentes de oposição ao governo Lula. Além de Maciel, Virgílio e Jereissati, ficaram sem mandato Heráclito Fortes (DEM-PI) e Mão Santa (PSC-PI).

– Essas derrotas podem ser todas colocadas na conta do presidente – acredita a cientista política Céli Pinto.

Falar mal de Lula custou caro

Enfrentar Lula e governos estaduais bem avaliados pode ter sido um fardo pesado demais, mas não o único que os candidatos da oposição precisaram carregar. O desgaste de suas imagens junto ao eleitor também foi comprometedor, assim como os aspectos da política regional.

– Lula foi fundamental em Pernambuco. Mas o fracasso do senador Marco Maciel também é resultado do fim de uma aliança neoconservadora que unia PMDB, PSDB e DEM, feita originalmente para enfrentar o ex-governador Miguel Arraes – explica Michel Vaidan, professor do curso de pós-graduação do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Pernambuco.

Maciel, um político de 70 anos (que Lula chegou a dizer que era do “tempo das capitanias hereditárias”), já anunciou sua aposentadoria da vida pública, assim como outro derrotado na eleição de domingo, o senador Jereissati – cuja derrota não surpreendeu quem acompanha a política local. Jereissati vinha sofrendo um desgaste acentuado no seu Estado.

Gaúchos deram sinal amarelo

O eleitor gaúcho renovou o mandato da maioria dos seus deputados. Mas também emitiu sinais preocupantes para alguns de seus representantes. Além de campeões de votos que ficaram sem mandato, como Eliseu Padilha (PMDB), políticos de grande popularidade viram suas votações encolherem drasticamente este ano. Entre eles, os deputados federais José Otávio Germano (PP), Vilson Covatti (PP) e Onyx Lorenzoni (DEM) e os estaduais Paulo Odone (PPS), Frederico Antunes (PP) e Paulo Borges (DEM).

Para os cientistas políticos Paulo Moura e Céli Pinto, as razões para essas quedas de votação variam de caso para caso. José Otávio, por exemplo, responde no STF a um inquérito por suspeita de tráfico de influência oriundo da Operação Solidária e outro referente à fraude no Detran.

Colaboraram Caue Fonseca e Paulo Germano

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