Terceira colocada na disputa à Presidência, a candidata do PV, Marina Silva, evitou adiantar qual será o seu futuro político. Segundo Marina, o seu intuito é fortalecer a sua plataforma de desenvolvimento sustentável, exposta por ela durante a campanha.

— As eleições mostraram que a questão da sustentabilidade não é algo de uma minoria. Sabe o que faltava para isso ficar claro? Faltava uma eleição. Porque a eleição mostra muito mais do que as pesquisas." Sobre o seu desempenho no pleito, com quase 20% dos votos válidos, acima do estimado pelas pesquisas, Marina disse que sempre sentiu que poderia ser melhor do que mostravam as pesquisas. A candidata do PV disse que voltará para os movimentos da sociedade civil, que, alegou, são maiores que o partido dela.

— As pessoas votaram em mim porque se identificam comigo — disse a candidata, ressaltando que a sua campanha evitou entrar no vale-tudo político e manteve a coerência.

A candidata do PV também pode ter papel decisivo no segundo turno. Na avaliação do cientista político Sidney Kuntz, um eventual apoio do PV ao candidato José Serra (PSDB) poderá tirar o favoritismo de Dilma Rousseff (PT) e fazer com que o tucano cresça do atual patamar em torno de 32% dos votos válidos e vença. Mas a avaliação não é unânime. O cientista político Humberto Dantas, consultor da ONG Voto Consciente, diz que Serra dificilmente vencerá.

— Será importante o gesto da Marina a partir de agora. Se ela vai cruzar os braços, e não apoiar ninguém, ou se ela vai liberar os votos — explicou Kuntz.

Segundo o especialista, Serra vai precisar de cerca de 80% dos votos da Marina para ultrapassar Dilma. Para Dantas, o tucano não vai conseguir reverter o favoritismo da candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em apenas um mês. De acordo com ele, a decisão do eleitor de jogar a eleição presidencial para o segundo turno servirá apenas para consolidar a vitória da petista Dilma Rousseff no próximo dia 31 de outubro.