Eleições | 03/10/2010 13h26min
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) acusou hoje o governo Lula de acionar um verdadeiro "rolo compressor" para viabilizar a eleição da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. FHC, que votou nesta manhã no Colégio Sion, em Higienópolis, na capital paulista, criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que o Brasil nunca viu um governante fazer tamanha pressão para eleger um candidato sucessor.
— O rolo compressor do governo nunca houve igual. Nunca antes na história da República, como o presidente Lula gosta de dizer. Nunca neste país, um presidente da República fez tanta pressão para ganhar uma eleição, e, não obstante, ainda está aí, gemendo e chorando para ver se vai ou não vai — afirmou FHC.
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O ex-presidente tucano mostrou-se confiante de que haverá segundo turno no dia 31 deste mês para as eleições presidenciais. Chamou também indiretamente a candidata do PT de "fantoche". O comentário foi feito depois de ele avaliar a transferência de votos do presidente Lula para a ex-ministra-chefe da Casa Civil.
— Se houvesse transferência, hoje ela teria cerca de 80% (das intenções de voto). Há alguma transferência, sem dúvida que houve. Mas tem que ver se isso é suficiente. O que está se demonstrando é que, a despeito da aprovação do presidente Lula, a candidata não conseguiu a mesma coisa. O importante não é a transferência de votos, é ter vontade política, capacidade de liderança. A minha objeção é a isso. Você tem que ter políticos reais e não fantoches — afirmou.
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Ao explicar para alguns jornalistas porque usou o termo fantoche, ele avaliou que Dilma está "sempre grudada no presidente". Ressaltou que, até agora, a candidata não conseguiu desvincular sua imagem à de Lula:
— Vamos ver agora como ela vai se desempenhar, ganhando ou perdendo. Quem sabe, ela se transforme em alguma coisa por ela própria. Vamos esperar. Tomara que ela se transforme em alguma coisa própria por ela própria.
O ex-presidente não quis comentar eventuais erros da campanha de José Serra, que não teriam permitido que o candidato do PSDB à Presidência estivesse liderando as pesquisas de opinião. Ele preferiu citar alguns êxitos da campanha. Fernando Henrique também não quis comentar hoje qual seria a sua avaliação de um eventual governo de Dilma Rousseff.
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Ele fez algumas análises sobre o desempenho do partido nas eleições deste ano. Destacou que não faltou apoio do PSDB a Serra, com quem "cerrou fileiras". Contudo, destacou uma avaliação um pouco mais detalhada em tom de autocrítica da postura do partido em relação à campanha. Perguntado sobre porque o PSDB chegou numa terceira eleição presidencial consecutiva atrás do PT nas pesquisas de opinião, ele respondeu que, se tivessem sido feitas propostas mais corretas, teria sido mais fácil.
— Temos que ser realistas nisso. Tem que aprender com o que fez. Tem que mudar e melhorar. Mas, no conjunto, é um partido que está em pé. É um dos mais jovens dos três grandes que estão aí. O mundo muda. As pessoas têm que mudar com muita energia. Tem que rejuvenescer. O Brasil é composto por uma população muito jovem. Hoje, a internet tem uma importância enorme. A população tem aspirações novas também. O partido tem que estar sempre em movimento — disse. FHC afirmou que o eleitorado não segue as regras de um partido, mas sim os seus impulsos.
— E o fato de o Serra ter conseguido manter com toda dificuldade uma base eleitoral grande, eu acho que é uma coisa importante — comentou.
Fernando Henrique fez comentários otimistas sobre qual será o futuro do PSDB após as eleições de hoje.
— Vamos ver no fim do dia. Não adianta a gente precipitar os resultados. Eu acho que, até agora, a expectativa hoje é boa, porque há expectativa de segundo turno (para Presidente) e vamos ganhar nos principais Estados do País. Não é mal — considerou.
Perguntando sobre como ficaria o PSDB, no caso de uma vitória de Dilma Rousseff para presidência e de Geraldo Alckmin, do PSDB, no governo de São Paulo, além de uma eventual eleição de Aécio Neves ao Senado por Minas Gerais, ele comentou:
— O partido fica bem de qualquer maneira. O partido tem vitalidade, tem demonstrado isso.
Já voltando para sua casa, FHC manifestou, de forma indireta, que uma vitória da situação seria um fato normal.
— Ganhe quem ganhar, é o jogo da democracia — analisou.
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