Eleições | 01/10/2010 19h03min
Ao escolher em quem depositará o seu voto, grande parte do eleitor gaúcho costuma priorizar duas características: traços culturais e o fator econômico. Historicamente, na avaliação do cientista político Benedito Tadeu César, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os dois pontos têm se mostrado decisivos nas eleições no Estado.
— Tradicionalmente, regiões do Rio Grande do Sul mantêm preferências por partidos e ideologias, embora o perfil dos eleitores tem sofrido alterações no últimos anos — afirma.
Na região Sul, por exemplo, o PP é historicamente mais forte. Conforme a avaliação do especialista, os eleitores tendem a seguir um voto mais conservador, oriundo de uma "elite agrária" da região, contrária ao PDT.
— Obviamente, esse comportamento não se repete de forma unânime. No entanto, por essa questão agrária mesmo, é possível observar essa postura, essa simpatia pelo PP, muito ligada à rejeição do PDT na região.
Na Serra, o PMDB concentra um eleitorado forte, segundo o cientista político. Para ele, a liderança da sigla na região persiste desde quando o ex-governador Leonel Brizola se aliou ao Partido Republicano e se elegeu governador do Estado, em 1958. No entanto, segundo ele, a influência do partido também é consequência da interferência do senador Pedro Simon.
— A partir da eleição do Brizola, começa-se a desfazer a posição de direita da Serra, rumando para o centro. Simon é uma das grandes figuras desse perfil da Serra — explica.
Na região Metropolitana, o cientista político aponta o PT com uma força maior que em outros pontos no Estado. A sigla, segundo ele, expandiu-se e cresceu no Vale do Sinos, onde governa a maior parte das prefeituras, desde a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— O PT cresceu muito entre os eleitores de baixa renda, mudou seu perfil. Antes de chegar ao governo federal, era um eleitorado mais intelectual, com alta escolaridade, porém sem renda alta, muito próximo ao da Marina Silva hoje — afirma.
Fator econômico x derrota do Lula
Apesar de os eleitores de regiões do Estado seguirem a força histórica dos partidos, o fator econômico também tem peso decisivo no Rio Grande do Sul. O momento pelo qual passa a economia gaúcha contribuiu com a derrota do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Rio Grande do Sul no pleito de 2006, segundo análise de César.
— A distribuição do eleitorado no RS segue um tradição, traços culturais. Mas a questão econômica pesa muito também. Em 2006, por exemplo, Lula perdeu a eleição aqui porque, entre outros motivos, o Real estava fortalecido frente ao dólar. E o Estado depende muito da agricultura de exportação — avalia.
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