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Política  | 11/09/2010 18h04min

Erenice Guerra é suspeita de cobrar propina em contratos, diz Veja

Atual ministra-chefe da Casa Civil, advogada rebate reportagem e põe sigilos à disposição

Atualizada em 12/09/2010 às 19h38min

A advogada Erenice Guerra, sucessora de Dilma Rousseff no comando da Casa Civil, é suspeita de montar no Palácio do Planalto uma central de lobby que cobra de empresários interessados em fazer negócios com o governo propina de 6%, segundo reportagem da Veja divulgada neste sábado.

A reportagem afirma que o filho de Erenice, Israel Guerra, seria o responsável pelas supostas fraudes. Ele operou a concessão de um contrato de R$ 84 milhões para um empresário do setor aéreo com negócios com os Correios. Chamada de "taxa de sucesso", conforme a Veja, a propina foi estimada em R$ 5 milhões e teria servido em parte para "saldar compromissos políticos".

Em abril do ano passado, quando a Casa Civil da Presidência ainda era comandada por Dilma, o empresário paulistano Fábio Baracat, dono da Via Net Express, empresa de transporte de carga aérea e então sócio da MTA Linhas Aéreas, queria ampliar a participação de suas companhias nos Correios. O objetivo era mudar as regras da estatal, de modo que os aviões contratados por ela para transportar material também pudessem levar cargas de outros clientes, arranjo que multiplicaria os lucros de Baracat e sócios.

Para obter sucesso em suas pretensões, o empresário teria procurado a Capital Assessoria e Consultoria, uma firma pequena, cuja sede é uma casa em uma cidade satélite de Brasília. No papel, seriam sócios da Capital Saulo Guerra, outro filho da ministra, e Sônia Castro, mãe de Vinícius Castro, assessor jurídico da Casa Civil. A reportagem afirma que os dois são laranjas. Sônia Castro seria uma senhora de 59 anos que reside no interior de Minas Gerais e vende queijo.

O empresário teria se encontrado com Israel e Vinícius Castro, subordinado de Erenice. Nesse contato, de acordo com a Veja, teria obtido a certeza de que o negócio sairia. "Bastava pagar", teria relatado o empresário à revista. Nos acertos seguintes, Israel teria dito que sua "mãe resolve, conforme relato do empresário.

— Impressionou-me a forma como eles cobravam dinheiro o tempo inteiro. Estavam com pressa para que eu fechasse um contrato — disse à reportagem.

Prometido o dinheiro e feitos os contatos prévios, segundo a publicação, o contrato teria chegado à fase final. Bacarat teria sido convidado a se encontrar com Erenice. "Está na hora de você conhecer a doutora", teria dito Israel ao empresário. Os sócios de fato da Capital teriam levado então Bacarat para o apartamento funcional onde Erenice morou até março deste ano, antes de mudar-se para a Península dos Ministros. Na ocasião, o negócio teria sido fechado.

Por e-mail dirigido à revista, Israel disse à revista ter feito o "embasamento legal" para a renovação da licença da MTA na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em dezembro. Israel também afirmou ter apresentado o empresário Baracat à mãe, mas apenas "na condição de amigo".

Segundo a revista, por meio de sua assessoria, a ministra também reconheceu a existência do encontro.

Erenice nega suspeita e põe sigilos à disposição

A ministra-chefe da Casa Civil divulgou nota neste sábado rebatendo as informações divulgadas pela revista Veja e informa que estão à disposição seu sigilo fiscal, bancário e telefônico, assim como o de seus familiares. Segundo Erenice, a matéria é "caluniosa" e busca atingir sua honra e envolver seus familiares.

De acordo com o comunicado, quando procurados, ela e seus familiares forneceram as respostas cabíveis a cada uma de suas interrogações. "De nada adiantou nosso procedimento transparente e ético, já que tais esclarecimentos foram, levianamente, desconhecidos", afirma.

Na nota, ela diz que se sente atacada e "ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos" e informa que tomará as medidas judiciais para a "reparação necessária".

Por fim, a ministra da Casa Civil diz lamentar que o processo eleitoral, no qual ela diz que a revista está envolvida de forma "virulenta e menos ética possível", propicie esse tipo de comportamento. Erenice ainda lamenta o que chama de "utilização de expediente como esse, em que se publica ataque à honra alheia travestido de material jornalístico sem que se veicule a resposta dos ofendidos".

Agência Estado
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