Um dos símbolos mais populares da política nacional, a estrela que reluzia vermelha nos programas do PT perde o brilho ano após ano. O logotipo do partido alcançou seu ápice em 2002, afundou em crise quatro anos depois e, na campanha atual, resume-se ao pingo no “i” de Dilma Rousseff, candidata à Presidência.

É o que se viu na TV, nos dois primeiros dias de horário eleitoral. Como o candidato do PT ao Piratini, Tarso Genro, sequer tem letra “i” para explorar o pingo, a estrela não é explorada em seus programas. O presidente Lula na campanha deste ano é quem vem cumprindo o papel de astro – tanto para Dilma quanto para Tarso. É esta a primeira explicação para o apagar do logotipo petista.

Segundo o coordenador do curso de Ciências Sociais da Ulbra, Paulo Moura, o PT como instituição ainda retém uma identidade associada a um radicalismo de esquerda. Lula, não: seu programa de governo, com quase 80% de aprovação, trafega mais ao centro do que o programa da legenda.

– A maioria do eleitorado é mais conservadora, não é de esquerda. A marca PT, portanto, limita a penetração de Dilma no grande público. Lula tem uma projeção muito maior do que o próprio partido – analisa Moura.

O cientista político da Unicamp Valeriano Costa afirma que Lula retoma um fenômeno introduzido por Getúlio Vargas na década de 50:

– Enquanto Vargas unia muita gente, o partido dele, o PTB, excluía muita gente. Vargas fazia alianças conservadoras, e o cerne de sua estratégia era transitar entre setores que o PTB jamais conseguiria.

As amplas alianças que o PT vem fazendo, desde 2002, são a segunda explicação para a estrela petista perder espaço. Com uma série de partidos pedindo passagem junto à chapa, fica coibida a prática de alardear o símbolo de um único partido.

– Não há nenhuma decisão de evitar a estrela. Apenas o programa não é do PT, é da Unidade Popular pelo Rio Grande. Portanto, a estrela vai aparecer tanto quanto a foice do PC do B ou a pomba do PSB – diz o coordenador de Comunicação de Tarso, João Ferrer.