Eleições | 14/08/2010 16h33min
O coordenador financeiro da campanha de José Serra (PSDB) à Presidência da República, José Henrique Reis Lobo, negou que existam problemas de arrecadação para o candidato e disse que o engenheiro Paulo Vieira de Souza não tinha autorização para angariar recursos para o partido.
A edição da revista IstoÉ desta semana traz matéria em que cita dirigentes tucanos, como o ex-ministro Eduardo Jorge, vice-presidente nacional do PSDB, acusando Souza de arrecadar cerca de R$ 4 milhões junto a grandes empreiteiras para as campanhas eleitorais de 2010. Ex-diretor da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), estatal paulista responsável pelo Rodoanel e outras obras bilionárias, o engenheiro teria fácil acesso a essas empresas.
Segundo a denúncia da revista, os recursos não chegaram ao caixa da campanha presidencial de José Serra.
— Não li a matéria, mas asseguro que essa pessoa não estava autorizada nem credenciada para fazer qualquer tipo de arrecadação para a campanha de José Serra — disse Reis Lobo à Agência Estado.
Segundo a IstoÉ, essa coleta de dinheiro "à revelia" da cúpula do partido teria sido descoberta durante uma reunião no dia 2 de agosto, quando o comitê financeiro da campanha contabilizou um volume bem menor do que o esperado, de R$ 3,6 milhões, segundo a revista. O partido, então, teria feito uma checagem junto a várias empresas. No final, teria concluído que R$ 4 milhões foram coletados, mas não repassados aos cofres do PSDB, afirma a revista.
Reis Lobo não confirma que tenha havido checagem para comprovar tal arrecadação:
— Como coordenador financeiro, eu participei da reunião e posso garantir que esse assunto não foi discutido. Nos limitamos a avaliar a entrada de recursos. Só tomamos conhecimento do assunto (que haveria alguém arrecadando em nome do PSDB) posteriormente.
Ele diz que a entrada de dinheiro tem sido "normal".
— Há muita especulação sobre o assunto, mas a entrada de recursos está ocorrendo normalmente. O que arrecadamos até agora é suficiente para cumprirmos nossos compromissos — disse o coordenador.
Segundo a IstoÉ, um ex-secretário do governo paulista com lugar estratégico na campanha de Serra teria afirmado que "o dinheiro está fazendo falta nas campanhas regionais." Na matéria, tucanos expressam preocupação de que o episódio arranhe a credibilidade do partido e afaste eventuais doadores.
— Não temos razão para nos preocupar — diz Reis Lobo.
Ele admite, contudo, que o PSDB tem arrecadado menos recursos que o concorrente PT, da candidata Dilma Rousseff.
— Como estão no governo, eles têm muito mais possibilidade de arrecadação que o PSDB — justifica.
A campanha de Dilma teria conseguido três vezes mais dinheiro que a de Serra, segundo a IstoÉ. O coordenador financeiro dos tucanos argumenta que as "campanhas do PSDB sempre foram muito mais modestas que as do PT".
— Mas neste ano isso está acontecendo de maneira muito mais acentuada — acrescenta. Indagado se o PSDB abriria uma investigação para saber o que ocorreu, Reis Lobo disse que o partido não tem o que fazer, já que Paulo de Souza não pertence aos quadros da legenda.
— Não examinei a questão judicialmente, mas não podemos nos responsabilizar por uma pessoa que não tem as credenciais para fazer o que fez — diz.
Como o dinheiro não tem origem declarada, o partido não tem como mover um processo judicial. Ouvido pela IstoÉ, Paulo Vieira de Souza negou ter arrecadado recursos para o partido.
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