Eleições | 22/07/2010 11h34min
A candidata da PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, respondeu nesta quinta-feira a um artigo publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), assinado pelo bispo de Guarulhos, d. Luiz Gonzaga Bergonzini, recomendando o boicote à candidatura dela por causa da defesa do aborto nos casos permitidos por lei.
Em entrevista à rádio Marano, de Garanhuns (PE), concedida nesta manhã, Dilma avaliou que o aborto não deve ser tratado como uma questão religiosa, mas de saúde pública.
O texto do bispo, intitulado "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", foi publicado na segunda-feira, mas não está mais disponível para leitura no site da CNBB. No artigo, d. Luiz diz não pertencer a nenhum partido, mas ressalta que, como bispo, "denunciamos e condenamos como contrárias às leis de Deus todas as formas de atentado contra a vida, dom de Deus, como o suicídio, o homicídio, assim como o aborto, pelo qual, criminosa e covardemente, tira-se a vida de um ser humano, completamente incapaz de se defender".
"Já afirmamos muitas vezes e agora repetimos: não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto", diz o texto. "Isto posto, recomendamos a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos a que não deem seu voto à senhora Dilma Rousseff e demais candidatos que aprovam tais 'liberações', independentemente do partido a que pertençam."
Na entrevista, Dilma afirmou que a posição de d. Luiz não representava a da CNBB como um todo.
— Até onde eu sei não é a posição da CNBB — disse. Ela defendeu que o governo cumpra a lei e faça o procedimento em estabelecimento de saúde públicos nos casos estabelecidos por lei - estupro e risco de morte para a mãe.
— O que nós defendemos é o cumprimento estrito da lei, que prevê casos em que o aborto deve ser feito e provido pelo Estado — afirmou a petista, ressaltando que mulheres com melhores condições fazem abortos em clínicas, enquanto as menos favorecidas acabam recorrendo a técnicas perigosas, como o uso de agulhas de tricô.
— Não conheço nenhuma mulher que ache aborto uma coisa maravilhosa. Não se deve tratar a questão como religiosa, mas de saúde pública. (O bispo) parte de pressuposto incorreto. Tanto eu quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não somos pessoas que acham que o aborto é algo para se falar que se defende. O aborto é uma violência contra corpo de mulher— afirmou a candidata.
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