Ex-governador do Rio Grande do Sul (1991-1994), Alceu Collares já prepara documentos para pedir uma intervenção nacional do PDT, caso seja ameaçado de punição pela executiva estadual por apoiar Tarso Genro. Segundo ele, seu cargo no governo Lula – como conselheiro da Hidrelétrica de Itaipu – não exerce qualquer influência em sua postura. Leia a síntese da entrevista concedida ontem à tarde:

Zero Hora – Ao apoiar Tarso Genro publicamente, o senhor não está desrespeitando seu partido?

Alceu Collares – Esta pergunta até pode ser feita, mas é esdrúxula. Afinal, estou seguindo a orientação nacional do PDT. Eles (dirigentes do PDT gaúcho) é que se negaram a segui-la. O ministro Carlos Lupi (presidente licenciado do PDT nacional) disse que o partido só defenderia candidaturas que apoiassem Dilma à Presidência. E ficou combinado que Fogaça apoiaria Dilma, mas em abril começou aquela debandada escandalosa do PMDB. Fizeram até almoço para José Serra.

ZH – O senhor teme que o PDT estadual possa expulsá-lo?

Collares – Vou fazer igual àquele jogador do Santos, o Ganso. O Santos estava perdendo, mandaram o Ganso sair, e ele disse “não vou sair, vou ficar aqui”. Vou lutar até o final pela coerência do trabalhismo. A incoerência dos nossos dirigentes tira deles qualquer direito de me expulsar. Estou elaborando documentações para que, se por ventura tentarem algum tipo de punição ao Collares ou a sua história, eu possa pedir intervenção da executiva nacional do partido.

ZH – Pedetistas dizem que o senhor apoia Dilma por interesse, devido ao seu cargo no governo Lula, como conselheiro de Itaipu.

Collares – Quem insinuar isso desconhece a minha história. Tenho mais história do que todos eles juntos. Uma história de coerência, sempre junto com a esquerda. Sempre estive com Lula.

ZH – O senhor pode dizer quanto recebe de salário?

Collares – Não. Mas está na declaração do Imposto de Renda. Se quiser, vai no Imposto de Renda.

ZH – Por que o senhor mesmo não pode revelar?

Collares – Porque eu não quero. Não tenho esse direito?

ZH – Com que frequência o senhor se reúne com o conselho de Itaipu?

Collares – É só fazer uma consulta com a Itaipu e eles vão dizer quando a gente se reúne. Está tudo na internet. O povo quer transparência na publicidade dos atos do homem público. E isso eu fiz sempre na minha vida. Como estou sentindo que tu estás com espírito de porco, não quero dizer.