O PP vive um dilema. Ex-secretário da Agricultura, João Carlos Machado é o preferido da governadora Yeda Crusius (PSDB) para ocupar a vaga de vice na busca pela reeleição. O problema é que, dentro do partido, Machado enfrenta uma forte resistência.

A executiva do PP estuda a hipótese de atender Yeda, mas vê dificuldade para o ex-secretário ser aprovado pelo diretório do partido.

Em entrevista a Zero Hora publicada ontem, Yeda afirmou que o vice ideal seria um aliado com participação no seu governo. Rasgou elogios também a Otomar Vivian, ex-chefe da Casa Civil, mas deu a entender que seu favorito é mesmo Machado.

– O João Carlos (Machado) tem esse perfil de homem ligado ao agronegócio, à inovação, à tecnologia – disse ela, ao destacar o setor primário.

Entre hoje e amanhã, o presidente do PP, Pedro Bertolucci, se reunirá com a governadora para negociar a situação. Embora não assuma publicamente, Bertolucci acredita que Otomar teria melhor aceitação entre os 170 membros do diretório.

O próprio Machado reconhece isso. Tanto é que, após deixar a secretaria, preferiu dedicar-se a sua fazenda em Camaquã, sem disputar a vaga de vice. Vereadores do PP dizem que o ex-secretário não costumava atender às demandas dos colegas de partido.

Mas a governadora – que valoriza o aperto nas contas que Machado promoveu na Agricultura – já tomou a frente: pediu à ex-secretária da Cultura Mônica Leal (PP) que intercedesse. Mônica ligou para Machado, tentando convencê-lo a botar seu nome à disposição do partido. Yeda também teria entrado em contato com o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, amigo do ex-secretário.

Como o PP é a legenda mais ligada ao agronegócio no Estado, o apoio da Farsul surge como pressão considerável. Um grupo do partido já se articula para oferecer outro projeto a Otomar: a suplência na vaga de Ana Amélia Lemos ao Senado.

– Se pudéssemos ser tão exigentes, então deveríamos ter um candidato ao governo, né? – conclui o líder da bancada do PP na Assembleia, deputado João Fischer (PP).