| 31/05/2010 11h14min
Pelo menos 14 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no ataque de uma unidade de elite do Exército israelense à "Frota da Liberdade", um grupo de seis navios que transportava mais de 750 pessoas com ajuda humanitária a Gaza, conforme comunicado pela emissora israelense "Canal 10".
O Exército israelense reconhece em comunicado a morte de dez ativistas durante a tomada de controle das embarcações, que aconteceu na madrugada desta segunda-feira a cerca de 20 milhas da faixa palestina.
Veja a repercussão em outros países:
Alemanha
A letal intervenção israelense contra um comboio pró-palestino que transportava ajuda humanitária a Gaza é "à primeira vista" de caráter desproporcional, afirmou o porta-voz do governo da Alemanha, Ulrich Wilhelm, país que raramente critica Israel.
— Os governos da Alemanha sempre reconheceram o direito de defesa de Israel, mas este direito deve acontecer dentro de uma resposta proporcional — disse Wilhelm em uma entrevista coletiva.
— À primeira vista, não parece ser o que aconteceu — completou, antes de pedir, assim como a União Europeia (UE), uma investigação profunda sobre a ação contra o comboio humanitário.
Jordânia
Cerca de 2 mil jordanianos protestaram hoje em Amã para condenar o ataque israelense à missão humanitária "Frota da Liberdade".
Pelo menos 24 jordanianos estavam a bordo da expedição, entre eles conhecidos políticos e sindicalistas do país.
Os manifestantes, entre o quais havia dirigentes de sindicatos e partidos da oposição, políticos independentes e ativistas, pediram a expulsão do embaixador israelense de Amã e a denúncia do tratado de paz assinado entre Jordânia e Israel em 1994. Em outras capitais árabes, como Cairo e Beirute, também houve manifestações de protesto.
Turquia
O ministro de Assuntos Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, considerou que o ataque israelense cometido hoje ao comboio de navios que se dirigia com ajuda humanitária à Faixa de Gaza é um "ato de pirataria".
Segundo os dados trabalhados pelo Governo turco, o ataque israelense deixou dez mortos e 20 feridos, embora Davutoglu tenha reconhecido que ainda não são dados confiáveis.
— Mesmo que só houvesse um ferido, isso foi um ato de pirataria — ressaltou.
Em declarações à televisão pública "TRT" pouco antes de partir para a sede da ONU em Nova York, o chefe da diplomacia turca afirmou que a ação de Israel "é ilegal de qualquer ponto de vista do direito internacional".
— Nenhum país tem direito a fazer isso. Nenhum país pode agir contra o direito internacional nem está acima da lei — acrescentou Davutoglu.
Em Nova York, ele pedirá a convocação de uma reunião de emergência para discutir o assunto no Conselho de Segurança da ONU, do qual a Turquia é membro rotativo pelo biênio 2010-2011.
Ele antecipou que Ancara pressionará os organismos internacionais para que condenem a ação israelense.
— A Turquia não ficará de braços cruzados.
França
O presidente francês Nicolas Sarkozy condenou o uso desproporcional da força contra a frota humanitária em Gaza e exigiu que esta tragédia seja esclarecida, segundo comunicado difundido nesta segunda-feira.
— Toda a luz deve ser lançada sobre as circunstâncias desta tragédia, que enfatiza a urgência de reativar o processo de paz israelense-palestino— afirmou o chefe de Estado francês.
O ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador de Israel em Paris, Daniel Shek, para pedir explicações sobre o ocorrido.
Conselho de Instituições Judaicas da França critica ataque contra frota
O Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (CRIF) criticou a operação militar israelense nesta segunda-feira contra um comboio marítimo que levava ajuda humanitária a Gaza.
- Deploramos o ocorrido, mesmo que Israel tenha anunciado que não permitiria esse desembarque - afirmou o diretor-geral da CRIF, Haim Musicant.
- Infelizmente, isso acontece num momento em que havia esperanças de paz entre palestinos e israelenses. Não é uma boa notícia para a paz", acrescentou. Militares israelenses mataram nesta segunda-feira pelo menos 19 passageiros de uma flotilha internacional de militantes pró-palestinos que seguia para a Faixa de Gaza com ajuda humanitária, anunciou o Exército de Israel. A ação violenta aconteceu na véspera de um encontro em Washington entre o presidente americano Barack Obama e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Reino-Unido
O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, criticou nesta segunda-feira a perda de vidas humanas no ataque israelense contra a frota humanitária pró-palestina e pediu a Israel que atue com moderação. Também pediu ao Estado hebreu que ponha fim às "inaceitáveis e contraproducentes restrições impostas às ajudas encaminhadas ao território palestino".
— Há uma clara necessidade de que Israel atue com moderação e de acordo com as normas internacionais — concluiu.
Istambul
O presidente da Turquia, Abdullah Gül, pediu nesta segunda-feira que sejam "punidos" os culpados pelo ataque israelense à missão humanitária.
Em comunicado divulgado no site da Presidência da República, Gül afirmou que o Governo turco fará todo o necessário para preservar os direitos e interesses dos cidadãos turcos que viajavam na frota atacada.
Além disso, Ancara se reserva o direito de pedir todas as investigações necessárias e a punição aos responsáveis pelo ataque.
— Condeno o uso da força por parte das forças militares de Israel contra o comboio com ajuda humanitária a Gaza, no qual viajavam membros de organizações da sociedade civil de 32 nacionalidades — disse o chefe do Estado turco.
— Com seu comportamento, Israel prejudicou seriamente a consciência pública internacional — acrescentou. Segundo o comunicado, Israel põe em sério risco o processo de paz recém-retomado com os representantes palestinos.
— Espero que o bloqueio desumano (a Gaza) seja suspenso — manifestou.
O líder turco pediu àqueles com "bom senso" dentro do Estado e na política israelenses que digam "basta" às ações como a ocorrida nesta segunda-feira.
Por outro lado, fez um apelo aos cidadãos turcos para que ajam de forma solidária e se comportem com "bom senso" nos protestos.
Espanha
O Governo espanhol condenou nesta segunda-feira o ataque israelense à missão humanitária que se dirigia à Faixa de Gaza, uma "atuação completamente desproporcional", e expressou apoio ao pedido da União Europeia (UE) para que Israel faça uma investigação e sejam apuradas as responsabilidades.
Em comunicado do Ministério de Assuntos Exteriores e de Cooperação da Espanha, o Executivo expressa condolências às famílias das vítimas e deseja uma rápida recuperação dos feridos.
O Governo da Espanha reitera também seu pedido de que se suspenda o bloqueio internacional ao território de Gaza, destaca a nota.
Três espanhóis viajavam em um dos navios da missão. Eles se encontram bem e à espera de ser repatriados à Espanha, confirmou o secretário de Estado espanhol para a União Europeia, Diego López Garrido.
Paquistão
O Governo do Paquistão qualificou hoje como "brutal e desumano" o ataque do Exército israelense à missão humanitária internacional que se dirigia à Faixa de Gaza.
— O Governo do Paquistão está seriamente preocupado sobre o bem-estar e o paradeiro dos cidadãos paquistaneses e jornalistas que estavam a bordo da frota com destino a Gaza — afirmou em comunicado o Ministério de Exteriores paquistanês, segundo o qual o ocorrido é uma "flagrante violação" do direito internacional.
Além disso, o Paquistão condenou o uso de "força descarada" por parte de Israel contra uma "missão humanitária" que se dispunha a fornecer ajuda humanitária aos palestinos de Gaza.
Também condenou o ataque o primeiro-ministro do Paquistão, Yousuf Raza Gillani, que lamentou a "perda de vidas inocentes".
Argélia
Os três partidos que integram o Governo argelino qualificaram de "ato terrorista" o ataque israelense contra a frota humanitária e pediram que sejam libertados "imediatamente" os cidadãos argelinos "sequestrados" pelo Exército de Israel.
Em comunicado conjunto assinado também por outros grupos políticos e associações de direitos humanos, as três forças da aliança governista argelina - a Frente de Libertação Nacional (FLN), a União Nacional Democrática (RND) e o Movimento da Sociedade pela Paz (MSP) - pedem às autoridades que intervenham para proteger seus cidadãos.
Um dos seis navios que integravam a frota de ajuda humanitária à Faixa de Gaza era argelino. Nele, viajavam 32 cidadãos do país norte-africano, entre eles vários deputados, senadores, funcionários municipais e jornalistas.
Rússia
A Rússia considera que o ataque das tropas israelenses contra uma frota pró-palestina que levava ajuda humanitária a Gaza constitui uma grosseira violação do direito internacional, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira.
— Moscou condena o incidente e expressa nesta ocasião sua profunda preocupação a respeito do fato de que membros do comboio humanitário tenham morrido ou sido feridos. É preciso esclarecer esta situação. É evidente que a utilização de armas contra civis e a prisão em mar aberto sem motivos legais constituem uma violação grosseira das normas do direito internacional — afirma ainda o texto.
EFE, COM INFORMAÇÕES DA AFP
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