| 15/05/2010 20h09min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje em Doha, no Catar, que não entende o ceticismo da secretária de Estado Norte-americana, Hillary Clinton, sobre a possibilidade de o Irã mudar sua postura em relação ao programa nuclear por meio do diálogo. Ontem, segundo informações da BBC Brasil, a secretária reafirmou a descrença dos Estados Unidos quanto às chances de sucesso no diálogo com o Irã.
Durante entrevista coletiva em Doha, após encontro com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani, Lula disse, sem citar o nome da secretária norte-americana, que "não sei com base no que as pessoas falam [isso]. Não é porque o meu time não ganhou o jogo de ontem que ele não pode ganhar o jogo de amanhã." A base da proposta brasileira em relação ao programa nuclear do Irã continua sendo o plano da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), um órgão da ONU) que prevê o enriquecimento do urânio do Irã em outro país em níveis que possibilitariam o uso civil, não militar.
Na entrevista, o presidente Lula ainda respondeu as declarações dos Estados Unidos e da Rússia de que a proposta do Brasil e da Turquia seria a "última chance" para o Irã de evitar sanções mais duras.
— Não sei, não quero ser fatalista. A política existe exatamente para você exercitá-la na sua plenitude, para tentar conversar, convencer — disse.
Sobre as expectativas em torno de resultados de sua viagem ao Irã, Lula declarou que era uma missão tranquila.
— As pessoas criam uma expectativa exagerada sobre um assunto que o Brasil está muito à vontade. O Brasil é um país que não tem armas nucleares, não é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil pode é contribuir.
De acordo com o presidente, a negociação entre Brasil e Irã é entre dois países amigos.
— É um país amigo que quer ajudar um outro país amigo a evitar que aconteça alguma coisa pior, que é o que pode acontecer se não houver uma decisão do Irã de firmar um acordo com a agência nuclear.
O presidente afirmou que a conversa que terá amanhã, dia 16, com Mahmoud Ahmadinejad será de muita franqueza e lamentou que outros presidentes não tenham conversado com o presidente iraniano.
— Se é uma coisa importante, que está no Conselho de Segurança da ONU, todos os presidentes de países que são membros permanentes deveriam ter a preocupação de fazer todas as conversas possíveis. Você tem de conversar para ver se consegue evitar um mal maior.
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