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 | 15/05/2010 03h34min

"Ahmadinejad não é capaz de manipular nada Lula", diz iraniano radicado na Capital

Dono de loja de tapetes persas comentou a visita de Lula ao Irã

Laura Schenkel  |  laura.schenkel@zerohora.com.br

Enayatollah Vahdat, 86 anos, iraniano, mora no Brasil há 54 anos. Dono de uma loja de tapetes persas no bairro Moinhos de Vento, Vahdat se orgulha de ser cidadão honorário de Porto Alegre. Em entrevista por telefone, comentou a visita de Lula ao Irã.

Zero Hora – Qual é a importância da tentativa do Brasil de criar um diálogo entre o Irã e outros países, em relação ao desenvolvimento da tecnologia nuclear e o temor das armas nucleares?

Vahdat –
 Toda tentativa para se criar a paz e evitar conflitos é válida, qualquer tentativa de diálogo é positiva para o futuro da humanidade. Se o Irã criar conflito de forma mundial, isso vai custar caro para todos. Acredito que se o Irã colaborasse e permitisse que vistoriassem suas instalações nucleares, poderia desenvolver a tecnologia com fins pacíficos, mas o país não é transparente sobre o trabalho que desenvolve no campo atômico. Diversos países já tentaram promover um diálogo, Grã-Bretanha, França, e não conseguiram nada. Acho que a simplicidade e a grandeza do Brasil são importantes nesse processo e considero a iniciativa de Lula algo muito louvável.

ZH – A comunidade internacional vê com maus olhos a visita de Lula ao Irã. Há quem diga que o Lula pode ser usado por Ahmadinejad. O senhor concorda com isso?

Vahdat –
 Não. Eu concordo com a opinião do presidente brasileiro, que afirmou que só defende o desenvolvimento de tecnologias com fins pacíficos, e que o mundo poderia ficar mais tranquilo se o urânio enriquecido fosse levado para outros países, como aconselham as potências mundiais. Se o Irã não concordar com Lula, Lula não vai concordar com o Irã. Ahmadinejad não é capaz de manipular Lula. O sistema político brasileiro é muito independente.

ZH – Na sua visão, o que significa essa visita de Lula ao Irã?

Vahdat –
 Os Estados Unidos já disseram que é a última chance que o Irã tem. Até a Rússia já não apoia mais o Irã. O Irã devia seguir o exemplo da Rússia, que se comprometeu a diminuir o número de ogivas nucleares. A China é o único país com poder de veto que impede as sanções. Se a tentativa de Lula fracassar, não acredito que haverá guerra, mas sim sanções econômicas, medidas que poderiam derrubar até um regime, na minha opinião.

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