Uma frase do candidato tucano à Presidência, José Serra, provocou reações que variaram de sorrisos a ironias de parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff (PT). Em encontro em Minas Gerais, na quinta-feira, Serra havia dito que, se for eleito, convidará PT e PV para participarem de seu governo.

Lula partiu para a ironia, ao dizer que Dilma poderá convidar o tucano a participar do seu governo.

– Primeiro ganha-se (a eleição). Até ganhar, tem uma luta imensa, e como eu acho que ele (Serra) não vai ganhar, quem sabe possa ser convidado para trabalhar no governo, se a Dilma vencer – declarou o presidente.

E completou:

– Eles (o PSDB) estão governando São Paulo há muito tempo e não tem ninguém do PT lá. Eu, certamente, tenho mais gente do PSDB na máquina pública do que ele tem do PT na máquina dele (Serra).

Para Dilma, a possibilidade de o PT participar de um governo Serra é nula.

– Acho que temos projetos distintos, e qualquer tentativa de dizer que não é distinto tem que ser explicada – disse.

– Por que (os tucanos) foram contra o presidente Lula durante tanto tempo? Por que fizeram uma oposição tão raivosa? E agora, quando nós temos 76% de aprovação para o governo e mais de 90% para Lula, soa um pouco estranha essa fala – disse ela.

Serra fez a declaração, em Belo Horizonte, durante o primeiro encontro entre os três principais candidatos à Presidência – o tucano, a petista e Marina Silva (PV) –, no congresso da Associação Mineira de Municípios.

Dilma e Lula estiveram juntos ontem, em Ipojuca (PE). Participaram da solenidade de lançamento do primeiro navio produzido pelo estaleiro Atlântico Sul, um petroleiro encomendado pela Transpetro.

Foi o primeiro evento oficial com a participação da ex-ministra desde a formalização como pré-candidata. Proibida de falar nessas circunstâncias pela Lei Eleitoral, Dilma ficou na primeira fila, mas não se sentou ao lado de Lula.

Coube ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Alberto dos Santos, fazer a defesa mais forte da candidatura de Dilma.

– Se dependesse de cada trabalhador aqui, o seu mandato seria igual ao de Fidel Castro – disse ele a Lula, referindo-se ao ditador cubano. – Mas, como o senhor não quer, temos a obrigação de eleger quem o senhor indicar.