| 07/05/2010 16h49min
Para evitar casos de violência entre as torcidas de futebol nos estádios brasileiros, representantes do governo federal, da CBF e do Conselho Nacional de Procuradores Gerais vão se reunir com membros das facções organizadas neste fim de semana no Rio de Janeiro. A ideia é adequar as torcidas ao Procedimento Operacional Policial (POP), conjunto de regras desenvolvido pelo governo, em parceria com as polícias estaduais, que padroniza o procedimento de segurança nos jogos de futebol do país.
O governo federal pretende colocar o POP em ação já no Campeonato Brasileiro deste ano, que começa no próximo fim de semana. As regras também servirão para adequar o país às exigências internacionais e prepará-lo para a Copa do Mundo de 2014, além dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
O encontro para discutir as normas com os torcedores será no Hotel Transamérica, na Barra da Tijuca, neste sábado e domingo. Vão participar o ministro do Esporte, Orlando Silva, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Rafael Favetti, o diretor da CBF, Virgílio Elísio, e o representante da Federação das Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro, José Maria Freire.
O POP estabelece uma série de regras e detalhes técnicos que deverão ser observadas antes, durante e depois das partidas de futebol pelas autoridades envolvidas em sua segurança. Entre elas, o local onde deverão estar os extintores do estádio, a mobilidade urbana dos torcedores, os cães que devem ser usados pelo policiamento, como deverá ser a entrada e a saída do público das arenas, a articulação que deverá ser feita com as demais autoridades (prefeitura, secretaria de saúde), além de sistema de vídeo-monitoramento e que tipo de material poderá ser usado pelas torcidas organizadas, por exemplo.
Apesar de ser um documento primeiramente voltado às forças de segurança, o POP também diz respeito às torcidas organizadas, por serem elas inerentes aos jogos de futebol no Brasil.
— O espetáculo das torcidas brasileiras dentro do estádio é inigualável. Vamos utilizar a organização delas (das organizadas) para promover uma cultura de paz no esporte — avisou o secretário-executivo do MJ, Rafael Favetti.
As regras vieram para acabar com a intolerância esportiva observada em certos jogos no país, lembrou Favetti.
— Briga entre as torcidas causa destruição do patrimônio e violência física, atingindo mesmo até quem não tem nada a ver com o jogo — afirmou o secretário-executivo.
— Vamos trabalhar com as torcidas organizadas como forma de se desenvolver a cidadania, para que eles utilizem a energia de seus membros em algo pró-ativo. Algumas vezes, toda uma facção é penalizada por maus torcedores - completou o secretário Nacional de Segurança Pública substituto, Alexandre Aragon.
Sistemas de informações
De acordo com Aragon, será criada uma janela no Infoseg (sistema de informações do governo federal) para as torcidas organizadas - as facções terão que informar as autoridades sobre quem são seus membros. Pelo sistema, que cruza as informações da Justiça e das polícias de todo o país, será possível saber que torcedores possuem algum tipo de pendência na área criminal e monitorá-los ou mesmo impedir que eles entrem nos estádios.
— A polícia deve ser uma indutora da cultura de paz nos estádios e as torcidas também. Vamos responsabilizar as facções de maneira racional. E utilizar a força delas para promover esta cultura de paz, benéfica não apenas nos estádios, mas para toda a sociedade — concluiu Favetti.
Depois de ser discutido com os torcedores, o POP será debatido com os clubes e as federações. O documento já foi aprovado por representantes das polícias civil, militar e corpo de bombeiros de todo o país, após encontro realizado mês passado em Brasília.
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