Política | 05/05/2010 17h23min
O pré-candidato à presidência José Serra (PSDB) participou do Painel RBS na tarde desta quarta-feira, na sede do Grupo RBS, em Porto Alegre. O debate tratou de assuntos como violência, saúde, tributos e não faltaram promessas para o Rio Grande do Sul. O ex-governador de São Paulo destacou o Estado como prioridade em sua plataforma e assumiu um compromisso:
— Vou fazer a segunda ponte do Guaíba. Vou providenciar de cara. Entrarei trabalhando desde o primeiro dia.
Serra afirmou que dará atenção especial à questão da irrigação.
— Temos que ter, no Brasil, um programa de desenvolvimento regional. Aqui (no RS) se justifica fazer diques, açudes e cisternas para a irrigação, porque a seca é recorrente.
O presidenciável se comprometeu em estar voltado para o Estado e reforçou que essa atenção "não se limita a apenas uma coisa".
— Vou olhar para cá. Vocês podem estar certos disso.
Confira a íntegra do Painel RBS:
Dois professores por sala de aula
A primeira pergunta do debate foi sobre educação. José Serra afirmou que o ideal seria ter um professor e um assistente por sala de aula no ensino fundamental. Ele disse também que é preciso melhorar a qualidade do ensino. Uma das ideias é elaborar guias para professores e garantir material didático para os alunos.
Royalties
Questionado se os royalties do pré-sal são do Rio de Janeiro ou do Brasil, o pré-candidato disse que "são do país e da região onde tem”.
— O problema que aconteceu com a emenda que foi votada é que tirava tudo, de repente, do Rio. É uma coisa que tem que ser feita com cuidado, com projeto, não pode ser feita no atropelo em um ano eleitoral. Deve beneficiar o Brasil e as regiões produtoras que são, especialmente, o Espírito Santo e o Rio Grande do Sul — afirmou.
Diante da descoberta do pré-sal, uma das primeiras ideias do governo foi constituir um fundo para concentrar e investir os recursos. A distribuição seria uniforme entre Estados e municípios. O governo tentou deixar a divisão dos Royalties fora da discussão das novas regras do pré-sal, mas prefeitos e governadores de todo o país passaram a lutar para aumentar sua fatia no bolo dos recursos.
Drástica, a alteração nas regras de distribuição dos recursos provoca prejuízos a Estados como o Rio de Janeiro e Espírito Santo, além de danos a médio e longo prazo a São Paulo, onde fica a Bacia de Santos, e a 194 municípios, dos quais ao menos cinco do Rio Grande do Sul.
Presidente da produção
— Vou ser o presidente da produção - enfatizou José Serra.
De acordo com o pré-candidato, a produção é o setor onde se gera valor. No Rio Grande do Sul, conforme Serra, há um problema específico de juros e câmbio.
— Não acho que dá para consertar da noite para o dia, mas é crucial. É preciso acabar também com a insegurança no campo.
Mercosul
O Mercosul deve ser reformulado, destacou Serra. De acordo com ele, a política externa é pouco agressiva e a entrada da Venezuela só vai aumentar a fragilidade no Mercosul.
— O Mercosul tem que se fortalecer. Recuamos no sentido do livre comércio. Vamos consolidar esse livre comércio e, no futuro, caminhar para um comércio comum. A política externa tem de estar voltada para o Brasil e para os direitos humanos.
Corrupção
Perguntado sobre quais as suas ideias para o combate à corrupção, José Serra disse:
— O problema da corrupção não é mais de leis. A questão é comportamental. A legislação é boa. O que tem que acabar é a impunidade.
Serra afirmou ainda que é avesso à ideia de que cargos públicos importantes sejam ocupados por apadrinhados:
— Às vezes é até um sujeito bom, só que ele vai ficar respondendo a quem o indicou e aí você não consegue controlar.
Cortes de cargos de comissão
José Serra deixou claro que é a favor dos concursados e que, por isso, se assumir a presidência "vai cortar quem tiver que cortar", se referindo aos cargos por comissão. Ele disse que as agências reguladoras, por exemplo, estão loteadas por partidos políticos.
Sobre o salário mínimo, Serra disse que a questão deve ser estudada e que a intenção dele é prestigiar e "dar força" aos aposentados.
Ministério da Segurança
Um dos planos de José Serra para acabar com a violência é concentrar os esforços de todos os organismos de segurança em um ministério. Ele disse que o contrabando de armas e drogas é a base do crime organizado e que isso é problema do governo federal.
— Temos que nos preocupar com todos os Estados porque está tudo interligado. Tem Estado que não está trabalhando direito.
A respeito da progressão de pena, Serra disse que ela pode ocorrer, mas que deve depender do tipo de crime cometido e de um exame criminológico. O pré-candidato ressaltou que é a favor da tornozeleira eletrônica.
Autodeterminação das nações
Sobre a política externa, Serra destacou que defende a autodeterminação das nações e afirmou que não receberia o presidente do Irã, por exemplo.
— Ninguém mete bico no do outro. Devemos ser contra a bomba nuclear e cooperar para que não se prolifere. É preciso enfraquecer a potência nuclear americana e russa e não imaginar que eles vão se desfazer do que têm.
Questionado sobre a relação com Hugo Chávez, Serra destacou que ela seria normal e brincou:
— Chávez declarou apóio a outra candidata. Achei até bom, no meu caso.
Críticas ao governo Lula
Serra preferiu não fazer críticas ao governo Lula. Destacou que há muitos pontos positivos no governo do petista e citou o bolsa-família e o ProUni
— O bolsa-família, que já recolheu coisas do passado, inclusive uma ideia minha, caminhou bem. Podemos matenr o ProUni, buscando melhorar. Tem que melhorar a saúde, a segurança, a qualidade de eduação.
O candidato se comprometeu ainda em não ter mais ministérios do que o governo atual.
Reforma tributária
Apesar de não ter um projeto, Serra prometeu que vai dar atenção à reforma tributária:
— Vou fazer andar a reforma tributária. Todo mundo é a favor, mas pensa diferente. Não tem um projeto. Tenho conhecimento e experiência para fazer uma mexida tributária que simplifique e que não cause prejuízo para ninguém. Não pretendo aumentar impostos. A carga tributária só vai cair quando os impostos crescerem menos que o Produto Interno Bruto (PIB).
Governo Yeda
Perguntado se o palanque preferencial no Rio Grande do Sul será o de Yeda Crusius, Serra respondeu:
— O meu palanque preferido será o dos aliados.
Serra destacou que a o governo de Yeda tem experiência importante na área dos presídios e no setor viário:
— É um governo positivo para o RS.
O Painel
Esta foi a primeira entrevista da série especial de Painéis RBS com os principais pré-candidatos a presidente. Além do tucano, vão ser sabatinadas posteriormente Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV).
Promovido pelos veículos do Grupo RBS, a ideia do Painel é ouvir personalidades e autoridades sobre assuntos de interesse público nas mais diversas áreas.
O apresentador Lasier Martins será o âncora do programa, que contará com a presença dos jornalistas André Machado, Carolina Bahia, David Coimbra, Rosane de Oliveira e Tulio Milman.
Os Painéis RBS com Dilma Rousseff e Marina Silva estão sendo agendados.
Confira o primeiro bloco do programa:
SÓ QUE SEJA COM MADEIRA DE SERRA EHEHEHEH PAPO FURADO, SERRA LADEIRA ABAIXO
Falando sobre educação, José Serra afirmou que o ideal é ter um professor e um assistente por sala de aula no ensino fundamental
Foto:
zerohora.com
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