| 26/04/2010 04h
Um zagueiro que nunca jogou entre os profissionais faz sua estreia postado na lateral-esquerda, em uma final de campeonato, na casa do arquirrival.
A situação fazia de Neuton Sergio Piccoli, 20 anos, a maior interrogação do Gre-Nal quando as escalações foram anunciadas. Depois de 90 minutos bloqueando as jogadas ofensivas do lado direito do Inter com autoridade e subindo ao ataque com gana, a única pergunta que ainda persistia sobre o substituto de Fábio Santos era como se pronunciava seu nome.
– É “Nêuton”. Mas hoje eu era o Severino, o quebra-galho – esclareceu.
Vindo do Ypiranga de Erechim para a categoria de base gremista, Neuton depois do jogo respondia atônito às perguntas dos repórteres sobre a reviravolta que se desenhou a partir de sexta-feira, quando o titular machucou-se em um acidente doméstico. Silas conversou e treinou com Neuton e com Bruno Collaço, mas optou pelo garoto de 1m85cm para fechar a esquerda no Gre-Nal. Apesar de jogar na zaga desde que chegou ao Grêmio, a lateral não é mistério para Neuton – foi ali que ele começou a jogar futebol, na escolinha do Ypiranga.
– Fui colocado à prova e tive que corresponder. O Silas me deu toda tranquilidade para fazer meu jogo e não me acanhar – contou.
Mesmo sem o cacoete da posição, foi à frente e levou perigo algumas vezes à defesa do Inter, mostrando segurança mesmo durante a pressão que sucedeu o primeiro gol do Grêmio. No fim da partida, um repórter disse a ele que atuara como veterano. Neuton respondeu:
– Só se for um veterano para correr, porque eu cansei muito rápido. O ritmo do jogo é muito forte.
O cansaço não impediu Neuton de atravessar o campo em um pique para comemorar com a torcida o jogo acabou. Durante a euforia, alguém gritou “agora tu não sai mais”. O zagueiro convertido em lateral sorria e dizia “isso é com o professor Silas”, mas já pensava na próxima primeira vez – a estreia no Maracanã, que pode ser na quinta-feira, contra o Fluminense. Ainda no campo, se emocionou ao explicar que o nome Neuton não tem nada a ver com Isaac Newton mas era herança do pai, também chamado de Neuton, falecido em 2003.
– Ele está me iluminando lá de cima – lembrou, olhos azuis marejados.
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