Para ganhar votos de eleitores de Humaitá e de cidades vizinhas na próxima eleição, políticos terão uma missão especial. Se o trevo de acesso ao município do noroeste gaúcho não estiver concluído até 3 de outubro, os candidatos correm o risco de não receberem votos.

Na metade do mês, por iniciativa popular, foi lançada a campanha Sem Trevo, Sem Voto. A obra no entroncamento entre a ERS-207 e a BR-468, localizada em Bom Progresso, está inacabada há mais de uma década. Conforme uma das idealizadoras da campanha, a jornalista e funcionária da prefeitura, Karine Hasse, não há no local sinalização e iluminação. Também falta asfalto em um trecho de 200 metros. O que levou Karine e seguidores a lançar o manifesto foram os acidentes de trânsito.

– Se o trevo não for concluído até o dia da eleição, vamos levantar o maior número de brancos e nulos possível, em todos os cargos – diz Karine.

Uma placa da campanha será colocada no trecho. Adesivos também estão sendo confeccionados. Uma carreata deverá ser realizada. No site de relacionamento Orkut, a comunidade Sem Trevo, Sem Voto tem mais de 200 membros. Apesar da incumbência de realizar a obra caiba ao Executivo, deputados estaduais e federais, principalmente da região, já foram informados por e-mail da intenção dos moradores.

Vítima ficou 10 horas esperando socorro

Nos mais de 10 anos em que aguardam a finalização do trevo, os moradores foram vítimas de um jogo de empurra entre o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Rescaldados por promessas não cumpridas, os organizadores adiantam que só a presença de máquinas na pista antes do pleito não vai satisfazê-los. Para que votos sejam computados, é preciso a conclusão do trevo.

A paciência dos moradores esgotou-se em 8 de abril. Nesse dia, o carro da secretária do Meio Ambiente de Humaitá, Suelen Seibt, derrapou em pedras soltas no local e caiu em um barranco. Como estava escuro e não há iluminação artificial no local, ninguém a enxergou. Suelen ficou 10 horas esperando socorro. Ela machucou a coluna e teve fraturas no braço e costela.

A iniciativa dos moradores é válida, conforme o cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Benedito Tadeu Cesar. Mas o especialista adverte: deixar de votar nos deputados da região poderá prejudicar a comunidade. Além disso, Benedito questiona o poder que um parlamentar teria para viabilizar a obra, já que a incumbência é do Executivo.