Mithyuê entrou aos 20 minutos do segundo tempo no lugar de William e foi decisivo na virada sobre o Ypiranga. Algo assim mágico: bastou ele pisar o gramado do Colosso da Lagoa e a vitória por 3 a 1 se consumou quase por abiogênese, com direito a um passe primoroso no terceiro gol, de Jonas.
O lógico seria imaginar que ficaria no time, certo? Não para o técnico Silas. Contra o Novo Hamburgo, Mithyuê volta para o banco. Então, pensei: será possível que o Grêmio vai repetir Douglas Costa e atrasar o crescimento de um jogador com talento para tornar-se um craque?
Se não ganhar sequência agora, quando Mithyuê terá nova chance de ganhar ritmo? Quando Borges voltar? Alguém dirá: mas ele é meia, e não atacante. É verdade, mas então a oportunidade virá
mais adiante, após os retornos de Hugo e Leandro. E no Brasileirão, com Souza recuperado da
cirurgia no joelho?
Quando todos os medalhões do meio-campo voltarem, Mithyuê corre o risco de se tornar a terceira ou quarta opção. Aí passará a entrar de vez em quando nos jogos e, se não arrebentar como ontem, terá sobre si a rigidez de avaliação que muitos não merecem mesmo depois de um balaio de atuações medianas. Foi assim com Douglas Costa.
O Grêmio já está na final do Gauchão, lidera o segundo turno e a chance de não passar de fase é tão consistente como a possibilidade de Rubens Barrichello ser campeão na F-1. É agora a hora de oferecer uma chance a Mithyuê, que o Grêmio trouxe do futsal quando os especialistas o apontavam como sucessor de Falcão, maior craque da história da modalidade. Se não der certo, o time não terá prejuízo algum. E ainda ganhará a possibilidade de ver nascer um jogador acima da média. É isso ou repetir Douglas Costa, vendido para o Exterior
sem que se soubesse a dimensão exata do seu talento.
É
preciso aprender com os próprios erros e apostar de verdade nas promessas da base. E não só quando alguém se lesiona e não há mais a quem recorrer.
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