| 08/03/2010 07h32min
Pela primeira vez no ano, as restrições quanto ao desempenho do Grêmio desceram das arquibancadas e chegaram ao vestiário, colocando em xeque o trabalho do técnico Silas. Sábado, após a vitória por 1 a 0 contra o Porto Alegre, uma das equipes de pior desempenho no Gauchão, o presidente Duda Kroeff e o diretor de futebol Luiz Onofre Meira exigiram, aos microfones, melhores atuações, sobretudo do meio-campo.
Nos bastidores, a informação é de que os dirigentes gostariam de ver Willian Magrão e Adilson como titulares, nas vagas de Ferdinando e Rochemback, preservado sábado por desgaste físico. Maylson é outro reserva de prestígio com a direção. O setor seria completado com Douglas, que também não atuou na última partida.
Assustados, conselheiros com maior trânsito junto a Kroeff o questionam sobre a ambições do Grêmio daqui para a frente. Temem que as fragilidades fiquem escancaradas contra adversários mais fortes, frustrando o sonho da conquista da Copa do Brasil. Também
criticam o técnico por
não ter dado ainda um modelo de jogo ao time. E não se constrangem em sugerir uma alteração de comando já neste momento.
O tom das manifestações de Kroeff já seria um reflexo da pressão que ele vem sofrendo. Em outra circunstância, o dirigente, conhecido por seu espírito conciliador, poderia ter preferido valorizar a oitava vitória consecutiva. Ou a quebra do recorde de invencibilidade em jogos em casa, que, até sábado, pertencia ao Inter (47 a 46). Deu-se o contrário. Com a ressalva de que se tratava da opinião de um leigo, o presidente disse que “alguma coisa não está funcionando bem no meio-campo”.
— Temos que melhorar. O Porto Alegre, mesmo jogando bem, tem que ser amassado pelo Grêmio dentro do Olímpico. E não foi isso o que aconteceu — criticou.
Meira também foi incisivo. Apesar de destacar o crescimento do sistema defensivo, não escondeu sua preocupação com o meio.
— Os problemas são evidentes. O Grêmio tem dificuldades
para se reorganizar, cede espaços ao adversário.
O time tem que ter mais imposição, ser mais efetivo — cobrou.
Dono de uma carreira vitoriosa como jogador, que o manteve livre de contestações, Silas estranha a nova situação. Informado das críticas da direção, disse que deveria se dar maior importância ao oportunismo de William, autor do gol da vitória, à boa atuação de Jonas ou ao fato de o time ter sofrido só um gol nos últimos três jogos.
— Ele é o presidente, pode falar o que quiser e nós temos que aceitar. Mas sei que ele está do nosso lado. A obrigação de vencer é nossa, mas nem sempre as coisas ocorrem como queremos — disse.
Silas atribui parte das dificuldades à sequência de lesões, que o forçam a alterar seguidamente a equipe. E prometeu trabalhar “internamente” os problemas até o jogo contra o Inter-SM. Até o próximo domingo, quando volta ao Olímpico, será uma semana inteira para ajeitar o time. E principalmente o meio-campo, de eficiência reivindicada pela direção.
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