| 05/03/2010 20h20min
O ex-árbitro José Roberto Wright é um dos 20 ilustrados que compõem a comissão do futebol da Fifa. Ilustrado mesmo: seus parceiros de debate incluem lendas da estirpe de Pelé, do francês Michel Platini, do argentino Perfumo e do inglês Bobby Moore.
Wright não acredita no fim da paradinha, que entra em debate neste sábado na reunião da International Board, que legisla sobre as regras do futebol. O encontro será em Zurique, na Suíça, como parte da 129ª assembléia geral da Fifa.
O que deve acontecer é o seguinte: vão dar um puxão de orelhas na paradinha. Um castigo. Limites serão fixados. Dançar a chula antes de bater o pênalti, por exemplo, como volta e meia Fred parece fazer no Fluminense. Todo e qualquer exagero será proibido.
Wright sustenta que a regra prevê o direito do atacante
acrescentar uma firula leve na hora da cobrança. Se o goleiro pode se
movimentar em cima da risca, os homens da International Board entenderam — a entidade foi criada em 1886, antes até da Fida existir — que o batedor deveria ter uma compensação.
Em tese, a falta dentro da área é feita para impedir um movimento que fatalmente poderia resultar em gol. E o futebol, por definição, existe para o gol.
— O próprio texto da lei foi alterado para incorporar a paradinha como invenção do Pelé, nos anos 70. Tem que ser um movimento só. O Pelé reduzia a passada, quase parava, mas seguia o mesmo movimento. O problema é que, agora, estão exagerado. O Fred, por exemplo, abusa — afirma Wright.
O ex-árbitro também reconhece que trata-se de uma discussão brasileira. Via de regra, são os brasileiros que se valem da paradinha. O português Cristiano Ronaldo também gosta, mas é raro ver alemães ou italianos inventando moda antes do pênalti.
Então, a International Board (um representante de
cada federação do País de Gales, Inglaterra, Irlanda e
Escócia e mais quatro escolhidos pela Fifa) está se reunindo para versar sobre traquinagens genuinamente tupiniquins.
O que não deixa de ser uma certa perseguição, embora os goleiros sejam mesmo submetidos a alguma humilhações com os exageros praticados pelos cobradores.
De todo modo, até o Wall Street Journal, sisudo jornal de negócios dos Estados Unidos, resolveu abordar o tema:
— No futebol, quando se trata de inovação e criatividade, há o Brasil de um lado e, do outro, todos os outros times. Para parar os brasileiros, você pode tentar oprimi-los (e boa sorte com a tentativa!) ou tentar roubar suas técnicas. Se não funcionar, tudo o que você pode fazer é mudar as regras.
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